Olhai os lírios do brejo
Trabalhava para os Ioschpe e sua casa tinha uma lavoura cercada de achas atoradas do próprio pinheiro que era o negócio dele. Atorar e descascar e fazer achas e colocar nos estaleiros a boa madeira que não trouxesse nós.
Era um bom cara o meu Tio Sebastião. Tinha um filho, José, e minha tia era gêmea.
Aos domingos jogavam na cancha improvisada até quando entardecia e a tristeza tomava conta dos pinheirais e por tudo.
Jogo por grana entristece também.
Meu tio Sebastião me lembrava os gibis porque ele subia alto e ele calculava a espessura do pinheiro como se abraça um filho, o filho dele José.
Certa vez, meu tio crucificou-se, mesmo. Circulou com as pontas da roupa o corpo e tronco usando também os pés. A blusa então cedia e o meu tio seguia, seguro, às bufaradas, cada vez mais no pinheiro como eu vi.
Resvalava e subia. Resvalava e parava e tomava o fôlego e não olhava nunca.
O pinheiro tinha o cerne vermelho, seivoso, a casca fria na superfície como são os pais ausentes. Eu não tinha pai e o meu pai ficava mesmo sendo o tio Sebastião que olhava do pinheiro o horizonte e o brejo e os guris que fizeram a torcida.
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