Ora, direis, um tonto!
Por isso, nos acostumamos a olhar pro céu. Podemos estar em Nova Iorque, no sul da França, o céu que temos sempre é o céu de Bom Jesus.
O bonjesuense, por índole, é um apreciador de estrelas, é um caçador de nuvens. Um tonto, por assim dizer.
E acho que me favoreci dessa tontice dos românticos. Olhar pro céu é um exercício que ainda hoje faço: ficar perseguindo aquela nuvem, o imprevisto de uma outra em seguida, a junção de fantasma e humanos que só um céu bem trêmulo sabe fazer.
Desprotegidos de razão andamos por aí. Uns românticos. Nossas mães ainda sofrem afagando os seus rosários. Com seus longos terços, nossas mães pedem notícias dos filhos que partiram.
O céu é sempre a nossa referência.
Quando uma mãe de Bom Jesus olha para o céu, é sempre uma gravidez, é sempre um filho, filha, irmã, um neto no abandono.
E, hoje, quando acontece um avião por lá, o meu povo, que é tão puro, beija o seu santinho no peito.
Por isso, quando o céu se desenha no anoitecer, Bom Jesus anda triste.
E há esta muda consolação que tiramos da tragédia. E este medo que não havia.
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