Bonja amada
Frim! Frim! Frim! Os meninos apitam, sincronizados pelo comando da parteira Vó Joaninha.
De cima de um carro de boi, Frei Getúlio já contou as 2.347 badaladas da sineta do Seu João. Frei Getúlio é quem faz a estatística.
Por força dele, muitos doaram ovelhas, vacas, tijolos que, depois das rifas, totalizavam o capital para a construção da cidade.
Ginásio, Hospital e Igreja, simbolizados em cartazetes, desfilam agora conduzidos por jovens uniformizados.
Enquanto passa esse cortejo, alguém da arquibancada grita:
—Impedimento, João Maria!
Não, não, não. Esse cortejo não existe mais. É só imaginário, só saudade.
Mas era com esse cortejo que Bom Jesus comemorava suas datas. E, hoje, Bom Jesus —Bonja como nós seus filhos a chamamos carinhosamente— está completando anos.
Daí a lembrança do Seu João, que, ainda vivo, simboliza toda a sua história.
João Maria Padilha. Como não lembrar dessa figura batendo sua sineta no “Conde”? Como não lembrar do Seu João apitando impedimento de oitenta gerações de meninos? É dele o nome do Estádio da Baixada do Clube 16 de Julho —Juventude (o outro aniversariante do dia). Estádio João Maria Padilha. Que justa homenagem em vida!
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