Sobre o amor
Não é amor que seja sábio, quaquaquá, do amor nunca se sabe, mas é como o amor sem queixas, um amor que anda de folga, prevenido mesmo de mim.
Estou mais sereno, demorado, não é que tome cuidado, mas é como amor protegido, mais atento à confusão.
O meu amor, hoje, não estipula ou estripa, estima. Antes, era amor que vinha pronto, e o meu agia tonto, era amor confete e cerveja, hoje Bogart no balcão.
Decorado de outros, agora começa aos poucos, o meu amor é só decorrência do que pode acontecer. Atende, acata, observa, ex-amor que era festa, refrega, hoje amor que mais enxerga, cresce mais por discrição.
Meu amor debaixo de chuva, nem um pouco obsessivo, não amor muito explosivo, tem aspecto caseirão.
É amor combinado, é amor sem saldo e custo, meu amor em estado bruto leva pra isso um tempão.
Não é amor de primeira, nem amor que faça rolo, em oferta, é mais chance que razão.
É maduro, amor adjetivado, é amor que sugere, estimula e acalma, leva com jeito o tesão.
É sim amor pra qualquer período, já não foge do recreio, é amor humilde, tranqüilo, é amor!
É amor igualzinho aos outros, amor, quem se atreve, amor de esguelha, surpresa, meu amor devagarinho, que protege, alisa, até cede, é amor que capricha, arrebata, sereno, por fim.
Amor. Amores de ontem. Amor com a cor do desprezo, amores por crueldade, estes amores das boas lições.
Amor, hoje, ainda amor com graça. Que pressente, intui, sugere, não castiga, utiliza ou põe cláusula, é defesa legitimada que um plano traçou.
Amor pensado. Amor pleno, sujeito, declínio, mas amor sem papelada, mais mão, presente, contato, bem mais quietude na forma que traz.
Como amor sem dizer palavra — há amor que emagrece, desfalca, carece — o amor, hoje, com mais tolerância, menos ciúme, um amor que preserve, é zelo, cuidado, o que há de vaidade, um amor ainda melhor.
Como um trato de amor bondoso. Como amor, e a persistência que exige.
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