A Praça Cantinho do Céu
Era no domingo, três surdos, um bumbo e uma tarola tocavam na praça.
— Não me beija na boca, ela dizia.
Ela dizia “boca” forçando os seus próprios dentes.
O beijo era então só um beijo por se dizer com as mãos a pentear.
Um beijo com a boca na outra boca, não.
Os pratos estridentes faziam eco no aquário da praça. Havia crianças no festejar.
Viva o amor! (estava escrito num cartaz), Viva o amor!
Uns 12 instrumentos tocavam, mas sem o beijo, tocassem em latim ou grego, num sei lá por quê... nunca me beije na boca!
E a sua boca bonita e alegre entristecia.
— Não me beije na boca.
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