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Vitrola dos Ausentes
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domingo, junho 10

Mundão pequeno e cabaré

O Ataliba, com sua esponja branca, divertia-se com o rincho das éguas no tempo da lavagem dos ventres. As persianas duplas dos janelões eram fechadas para uma grávida prima do Belpino não ver nada. O Zoinho, quando tinha tempo, era o ajudante do Ataliba. Os meninos pelados relinchavam com a boca, amontados num cavalinho de pau-de-vassoura. A rua tinha fileira de ciprestes dos dois lados, até lá no fim onde ficava o velho carvalho ao lado da igrejinha. O Belé Fonseca — de pés inchados — bebe cachaça. Um dia o Belé Fonseca estava cercado de gente e o Belé Fonseca deitado no chão. Cercado duns cara e dumas mulher que também tinham bebido muito. Gritava que tinham lhe roubado umas tal madeira e que ele tinha testemunhas. O Abgelo das verduras não podia testemunhar porque estava envolvido num crime. Tinha matado a Pretensiosa por causa dumas alfaces. Em vários trechos da Vila dos Ausentes — para a arrebentação dos rochedos — vem sendo empregada dinamite. O Zoinho parou de fazer as dobras de um chapeuzinho de papel. Nas vitrines da Loja Camponesa tinha uns manequins de cabeça pelada, que o Zoinho gostava de parar só pra olhar. Uma vez o Zoinho cortou um dedo e passou o sangue no vidro da vitrine da Camponesa. Esperou o sangue secar e começou a fazer bafo com a boca em cima do sangue. Ficava uns desenhos parecidos com nuvem. O braço da Sargenta está dormindo fora das cobertas. As meias e a camiseta da Dedete. Um tigrão de logotipo nas meias. A gaitinha de boca acompanhando errado a música da vitrola. O Seu Cilício era o que era o dono da vitrola antes e quem ensinava a fazer bolhinhas de sabão. As bolhinhas iam tudo voando. Voavam, voavam, voavam pela rua com fileira de ciprestes e os meninos pelados correndo atrás.
Trecho de abertura de Vitrola dos Ausentes