OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

sexta-feira, maio 18

Tecer pássaros

Solange preparava ninhos para os pássaros. Com cuidado, com sua doçura, Solange, entre os galhos das cercas-vivas que circundavam a casa, pousava os seus ninhos ali.
Ninguém, nem os adultos, sabia fazer como Solange os trançados, o desfiar dos barbantes, os topes justos no algodão.
Apenas Solange fazia os ninhos bem-feitos e não se sabia o que havia de tão imaculado em suas mãos.
O fato é que, em certa manhã, havia um pássaro na sua “construção”. Um pássaro vivo, realidade, o passarinho estava lá. Recém-nascido, o pássaro dela, e Solange o recebeu com afeição.
O bica ainda frágil, sem penas, o passarinho sentia frio. Padecia e aquele foi um momento enternecedor.
Solange aconchegando o ninho, retirando do galho, o trazendo na palma da mão. O bicho tão fragilzinho, lá estava o pássaro em sua mão. Vivo.
A irmãzinha trazia a mão em concha, era como um cálice que ofertava ao João Osmar, ao Pedro Antônio e à Sandramar.
Era um gesto profundo, a forma tão simples de afagar a todos os seus.
A irmãzinha retendo o seu ninho ainda ao peito e o pássaro vivendo neste infantil seio a sua primeira manhã.
Pedra, ferro, aço, o coração ainda no instante do ninho, no instante daquele gesto, a concha de sua mão.
Queria o que a fazedora de ninhos?, indagar de sua própria encomenda? O pássaro era feio? Queria a fazedora de ninho entender a natureza, o que ela, só ela, plasmou?
Não respondo, não sei. A memória vem desbotando o seu rosto, desbotando aquele instante, já não vejo a minha doce irmã de criação.
pr