Meu filho, minha filha
“A série de poemas que Fabrício Carpinejar reuniu em Meu Filho, Minha Filha forma um monólogo a três. É assim que se pode entender a expansão do pensamento, as reflexões dadas também no sensorial dos toques, dos olhares, se é que aí não está o ponto em que as coisas se resolvem: a emoção do pai diante da ausência-presença da filha na casa da mãe e da presença-ausência do filho sempre ao alcance. Assim o poeta desenvolve o seu drama...
Os estudiosos da família vão encontrar aí o problema do filho de pais separados, do pai separado, do pai solteiro; os psicanalistas têm no livro generosa quantidade de material; os educadores vão achar motivos de inspiração no trato com as crianças; mães e pais verão refletidas suas memórias ou seu presente; e os filhos com certeza terão uma idéia sincera de que os espera quando assumirem o lugar dos pais. Embora pareça claro, deve-se chamar atenção para o fato de que não se trata de auto-ajuda disfarçada de poesia. Pelo contrário, as situações não se resolvem, pouco abaixo da superfície das palavras existe algo inquietante e inevitável, como está sugerido acima, a respeito da "grande questão". Algo tão permanente quanto insolúvel enquanto se respira: o enfrentamento da morte, do qual a infância às vezes parece um momento de trégua a ser festejado com toda a intensidade”.
Texto de Moacir Amâncio, Estadão, 6 de maio
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