Cotidiano Nº 1
Entre abril e maio se mudaram senhas, fizeram silêncio, trocaram de amor.
Entre abril e maio emendaram cordas, aumentaram os preços, um sonho floresceu.
A morte fez visita, a loja propaganda, houve calma na aflição.
Entre abril e maio abriram até herança, fecharam pra remorso, tivemos muito humor.
Chegou-se atrasado, espalhou-se aquele afago, curou-se pedra no rim.
Houve amor, escova-de-dentes, calo, bexiga, lucros e perdas, acarinhou-se a mulher assim...
Sono e sol. Suborno e varanda. Teve alguém com 12 filhos que foi morar no Rio.
Entre abril e maio não sobrou dinheiro, nunca sobra, não fizemos o Gol Mil!
Patuscada, loja em calçada, tudo de ocasião.
E tentaram imitar, enganaram, como sempre, ad eternum, morreram de rir de nós.
Entre abril e maio cometeram erros e foram sinceros ao bater portão.
Expandiram as contas, beijaram na boca, pararam o Brasil.
Entre abril e maio foram à lavoura, coitados, dançaram apressados e tiraram o chapéu.
Entre abril e maio flanaram o carro, dos outros, consumiram a chuva, aos poucos, pisaram num fio.
Entre abril e maio cagaram os morcegos e lembramos de Deus!
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