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sexta-feira, março 16

Sertanês

Glauber acreditava ter escrito um livro bíblico, uma espécie de terceiro testamento plasmado no sofrimento e na vivência. Um Canudos redivivo. Um livro com a linguagem brasileira do povo do sertão, diferente, portanto, do eruditismo de João Guimarães Rosa que, no Grande Sertão: Veredas, acaba compondo um épico que nada tem a ver com os “falares” do sertanejo-povo.
E Rosa paga tributo, transformando-se ele mesmo, Rosa, num dos personagens —carne e osso— do Riverão, em contato epidérmico com o “sertanês” oficial, a fala dos matutos.
Glauber julga Rosa “um ditador do sertão”. Argumenta que, a partir do Grande Sertão, toda a literatura brasileira de caráter regionalista teria se aprisionado na camisa de força da subversão da língua natural do sertanejo promovida pelo mineiro. Assim, criar uma obra que resgatasse o “sertanês” contador de causos era o objetivo de Glauber.
E Riverão cumpre este papel. Um livro com a fala do povo que, interessante, transcrita esta mesma fala para o papel, acabou se tornando um emaranhado gramatical, tão antigramática que os críticos e lingüistas não reconheceram aquele registro como sendo literatura.
A fala do povo é secreta, selvagem, reprimida, uma fala antigramatical, capaz de ser transposta literariamente somente na boca de um ator, intérprete da boca do povo.
E, entre tantos atores que atravessam a narrativa, este também é o papel a cumprir pelo Rosa-personagem.
Ele, ao mesmo tempo, é ouvinte-pesquisador, recitador dos clássicos greco-latinos, cavaleiro-romancista, acadêmico de Cafarnaum (leia-se Academia Brasileira de Letras) e, suprema desmistificação, amante de Linda, a “heroína” do Riverão, filha de Riobaldo com Diadorim.
(Termino amanhã).