O romance de Glauber
Com 39 anos, o homem que esteve com deus e o diabo na terra do sol, em plena crença da maturidade, acreditava que o Brasil estava precisando passar por uma varredura.
Uma revisão crítica do seu pensamento, das suas perspectivas ideológicas, de sua literatura, das formas de comunicação popular.
Enfim, fazer uma revisão de seu destino, nem que para isso precisasse achar Golbery “um gênio da raça”, e Ernesto Geisel, “um exemplo de disposição democrática”.
Glauber tocava nas feridas e pagaria por isto. Diante de toda a intelectualidade perplexa, ele estava sozinho. Para muitos, o ápice da louca epopéia glauberiana em vida. Para outros, como Jorge Amado, “um clarão que está iluminando o Brasil”.
O romance Riverão Sussuarana, escrito exatamente em 1977, aparece então como a resposta mais feroz: a crítica da crítica.
Polêmica violenta se travaria em torno da obra, que ousava desmistificar todas as sagrações brasileiras.
Negado. Não reconhecido, o livro deixava estupefata a esquerda brasileira, com os direitistas não entendendo bem o que se passava, como ocorre com obras de gênios da estatura de um Salvador Dali ou Pablo Picasso.
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