O pouco deixado
Fratura sem afago, pouco esperado e compreensivo.
É sincero, sonâmbulo.
Há pouco nascido e famoso por ser da pior família.
Pouco santo, pouco expansivo, de pouco barulho.
O pouco silêncio!
Pouco andado, desbastado, humilde.
Se era latim, já é pouco grego.
De pouco carisma, alto o seu custo, é um pouco engenheiro, pouco nomeado.
De pouco propósito, pouco enérgico, um pouco Cristo.
Crucificado, por pouco tino.
É pouco humano, de corpo presente.
E de pouco abraço.
O pouco sozinho.
Pouco bondoso, pouco triste, inteligente, muito do ausente.
O pouco dilúvio que afoga.
O pouco transtorno que conforta.
É o pouco fraterno, o pouco querido, o pouco afeto.
Ainda pouco. Pouco e doloroso.
Um pouco como chuva afobada.
O pouco de óbito, pouco e ainda pacífico, o pouco incapaz, o pouco dos malditos.
Um pouco acostumado.
Um pouco estandarte, pouco à mostra, pouco tão antigo como a humanidade.
O pouco imprevisto, o pouco amor, o pouco empreiteiro:
de um pouco de nada, com pouco cuidado, o pouco do zelo e do zero.
O pouco adeus que é a saudade!
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