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quinta-feira, março 1

No laboratório do cara

Admirador da pintura de Iberê Camargo e interessado no processo de sua criação, entre os anos 1991-1993 freqüentei o seu ateliê. De nossos encontros resultou o romance publicado, Iberê. Da convivência constitui a fonte do texto: conversas, muitas conversas, “falas” espontâneas que tínhamos.
Naquele período, ele se mostrava muito aberto ao diálogo e foi quando decidiu escrever as suas memórias. Era um momento profícuo, já que estava remexendo em suas gavetas, em seus papéis, esboços e notas de viagem. Em meio àquelas conversas, solicitei que me concedesse uma entrevista. Uma entrevista formal e longa, com o que o pintor concordou. De forma manuscrita, a entrevista desenvolveu-se em encontros que duraram cerca de dois meses. Ela é o núcleo de todo o Iberê.
Para além das tantas indagações a que o submetia, procurei também “anotar de memória” as nossas falas. E, privilégio na convivência, observei-o trabalhar no ateliê, acompanhei a elaboração dos seus quadros, além de estudar muitas telas pertencentes à coleção da família. Meu guia era o próprio Iberê: ele me falava das telas, explicava um e outro detalhe. Explicava, mostrava como fizera — e porque fizera.
O romance Iberê procura dar conta do artista em “processo”; mas, muito mais do que isso, a partir de uma interessada pesquisa, busca refazer toda a trajetória artística e de vida do nosso pintor.
Como fontes secundárias, aquelas ligadas aos aspectos mais mundanos da sua trajetória, episódios e fatos, principalmente ligados à tragédia de sua vida, auxiliei-me do que foi noticiado na imprensa na época, tendo como principais referências a revista Veja e os jornais gaúchos Correio do Povo e Zero Hora.
A fonte suplementar mais importante na construção de Iberê, entretanto, foi o excelente Iberê Camargo, organizado por Evelyn Berg. A obra, que já me proporcionara atalho nas conversas com o artista, facilitando para que fosse direto ao assunto em nossos encontros, foi a minha bússola.
Os ensaios presentes no volume, assinados por críticos com Wilson Coutinho (além de outros menos sistematizados, como os escritos por Ferreira Gullar) podem ser pinçados aqui e ali em meio ao ficcional Iberê.
De uma aproximação tão privilegiada — não tenho dúvida ser ele, Iberê, homem-pintor, a personalidade mais forte que já travei conhecimento —, não poderia resultar apenas na realização de um livro sobre a sua trajetória, mas em ensinamentos que eu talvez pudesse ter assimilado.
A gente aprende vendo o que é bom, no convívio”, disse em uma das suas tantas entrevistas, falando sobre a importância do seu aprendizado com Guignard no início de sua carreira.
O registro deste “estágio” que tive com Iberê Camargo resultou numa outra pesquisa inédita, a partir de seus escritos, como pode se ver pincelada abaixo.
É um pequeno tributo à sua generosidade e ao ensinamento legado.