Soam as trombetas e o poeta de carro usado
Falam do nada, têm os pés fora do chão, no entanto, transpiram aquela fagulha de Verdade que não se concede ao orador mais lúcido, ao estrategista mais admirável.
O melhor pastor, o padre, professores, o General de Guerra, os fanáticos de toda a espécie soam suas trombetas, fazem da palavra um ente utilitário.
E é por isso que se diz que aquele velho congressista, um presidente de Rotary fará o uso da palavra.
É aí que reside a credibilidade do poeta:
a palavra não seu usa.
Ao contrário do prosador, do escritor mais prolixo, se diz que o poeta é mais “enxuto”, é um preservador de palavra.
Bingo! A palavra se preserva.
Ato contínuo, o poeta é um cumpridor de pactos.
É um cumpridor de pactos porque não cumprir um pacto é o maior golpe que se pode desferir contra a validade da palavra.
O escritor acredita na palavra e a valida.
Trair um pacto, portanto, mais do que um drama moral, para o poeta é trair a natureza do seu fazer:
a palavra da palavra é o seu código vital.
Daí aquela velha piada: ao poeta se vende um carro usado.
Como se vê, nem tão jocosa assim.
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