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terça-feira, janeiro 9

Imagem ao redor da lanterna

Os sete segredos de uma cigana, o prantear de Jesus Cristo num pano, uma garota em plena balada. Eu já tentei estas imagens. Saíram de braço feio. Eu não sei desenhar braços.
Já tentei uma mulher sendo acarinhada. Ficou feia, ficou torta e eu tive de desistir. Ficou feita a picão.
As doze filhas de uma doceira eu só arrisquei dar um traço. E um escrivão meio curvo saiu à minha cara.
O rosto do pai que nunca tive eu até consigo, mas não tem braço.
Igreja, as telhas da igreja e carro não têm braço. Braço de bicho é muito fácil. Desenhar corpo de francesa é muito mais fácil ainda.
Agora, braço, braço que seja de mar ou espada, eu já me estrepo. Só na cruz eu ainda acerto. É que ali são braços abertos.
Braço nadando, nem pensar. Braço sem roupa, pior ainda.
Eu já perdi mais de mil desenhos... por falta de braço.
Não tenho punho pra isso. Eu sou um desastre no que saio do ombro. E eu andei e ando precisando pôr um braço no ombro. E eu tenho desenhado muito. Por solidão; no meu meio turno de férias eu tento enganchar um braço.
Não tem jeito. Não desenho braço. Eu não desenho nada.
Às vezes, porém, eu penso comigo: mesmo com o braço feio, as minhas gravuras se parecem com a verdade.
E por isso a mão que suspende a lanterna no escuro da casa eu achei que se salvava.
Nesta gravura uma mãe vem ver a febre do filho. E foi feita com muita saudade.

pr