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quarta-feira, janeiro 3

Desinteresse

O desinteresse tem sempre um começo, é encher horas vagas, é talvez refino, tomar tino, desinteresse é uma forma de dizer, não! O desinteresse dá nos nervos, é um deixa à vontade, no fundo é uma baita refrega, não tem nada de depressão.
O desinteresse é o que chega no tarde, o desinteresse não faz alarde, desinteresse é só ficar com preguiça da mesma situação. Não é indiferença. O desinteresse não magoa, apenas desafeiçoa, é uma forma de libertar.
O desinteresse é independente, é sentir-se sem dono, questão de justiça, é deixar o tudo e o nada igual. O desinteresse é democrático, o desinteresse não vê defeito, tá nem aí pra aparência, é o momento que toda a vaidade se vai pro escambau.
Neutro. Bocejo. O desinteresse é um solfejo que o maestro tem de engolir. É fuga da pauta. O desinteresse é leão na jaula sem dentes nem pra guspir.
O desinteresse dá Ibope, vejam o João, o Gilberto, tem anos de nem aí. Não sabe, não ouve, não fala um porém. O desinteresse não faz, não procria, o desinteresse tem um codinome, alienação.
Música, criança e poesia não têm interesse. Se fosse um brinquedo, se fosse um comportamento, o desinteresse seria hippie, um carrinho de madeira, o desinteresse seria o que a gente lembra e diz para apagar.
Todo o desinteresse é assim ao contrário. Nem desdenha, nem compra, o desinteresse é uma sombra vagando no lar. O desinteresse é o quarto de hóspedes que se passa a habitar. O desinteresse, morando junto, é a rotina em exposição.
Clareia, alveja e areja. O desinteresse não é verde ou vermelho, nem foi azul ou marrom. O desinteresse é descolorido, é nunca tomar partido com a maior convicção.
Desinteresse é, portanto, protesto, é ácido, desinteresse não é de fingir. Desinteresse é um tanto faz, não me preocupo, desinteresse é a calça de brim feito terno, é um ah!, um que bom!, nada mais.
E o desinteresse dos olhos?
O desinteresse é racional.

pr