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terça-feira, janeiro 30

Descobertos

Briguei com meu amor. Briguei com meu amor às 2 da madrugada, e, ah, pesadelo, o que ela ouviu!! Ouviu o que não se diz, não se ousa, e como se levanta a voz. Se fala com o coração!! Isso não é coisa de bicho, é nossa, e eu disse da boca pra fora o que a pele é incapaz. Disse o que não devia na briga com meu amor.
Lamento, mas isso faz parte, é que o amor se transforma em raiva, gana, desforra, um tão grande carinho virado em rancor. Briguei por birra, ciúmes, coisinha de nada, mas bem lá no fundo da vida eu só queria zelar. Todos agridem por amor e eu também fiz isso. E senti remorso, peso, culpa, credo, fui de uma passionalidade, sai da casinha sim!
Lamento, mas foi desatino. Lamento mostrar minha cara, lamento o pouquinho de fel: eu me apresentava pela primeira vez à possibilidade do abandono nu e cru.
E eu me afundei aos seus olhos. Eu era homem imperfeito, eu desfazia com cinqüenta pés o que sempre cumpri: não ser mau, não magoar, não ofender!
Eu me descumpria, maldita noite! Falava o que não devia eu devia ficar num canto por ser manezão. Em drástico castigo, num triste mando, eu que fosse ser valente pra lá.
Foi por coragem, confesso. Eu não queria perder na conversa, eu queria ser bem mais do que penso e virei um possesso por critérios só meus.
Todos, por tanto amor, assim se desmantelam. De um quê sem porquê chegam à mágoa. Puxam as brasas, querem o monopólio da fala e aquilo era um gripe aviária batendo em nós. Calculem: difícil pra ela, ruim pra mim.
E eu naufragava e já quase ia a dizer sou um produto de Deus: Humano, desumano. Mas nem do Pai esperava o perdão. Queria da amada as desculpas e a conversa salgada seguiu. Os termos do ciúme, a fina ironia, cada frase mais infeliz.
Era uma agressividade arrependida que ainda assim prosseguia. E isso era cruel porque era consciente: a briga é um pesadelo despido de sedução. E casal que já não seduz, mingua, mingua, se vai.
Cabe descobrir o mel, dizer à amada, bonita!, revalidar a paixão!
pr