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quarta-feira, julho 19

Palco

— Senhores, eu conheci a altura de pisar o palco com o público de costas. Senhores, eu aprendi a conviver com a baixa bilheteria, com o fracasso do palco vazio, o palco nu. Não me queixo. O palco de costas pra mim. Vejam as cadeiras!, este silêncio de ouro pra minha grande encenação. Um peido miserável que eu desse agora neste teatro, seria como seu eu jogasse igual minhas forças para obter o sucesso e a consagração. Vejam. Vejam a minha pose! Vejam como eu mantenho ainda a postura correta, o olhar decidido em frente, mesmo com esta platéia nem aí. Fodam-se! Bem pior, permaneçam costas, o que vou querer com platéia? Sigam, sigam, fora daqui!!! Quero o palco nu. Quero este vazio que se ajusta tão bem... Platéia de costas, filha de Deus! Permaneça assim porque para onde eu vou, se escalo esta tábua, este palco, se estatelo nesta cera traiçoeira, é o que conquistei. Podem me derrubar ou deixem-me cair, não me queixo. Derrubem-me com a sua ausência. Ela faz bem e eu sempre volto aqui. Hoje, eu vim com minha melhor camisa, com a minha camisa bonita, é seda, ãh-ãh!, e eu vim pra dizer o melhor possível esta cena final. Apaguem. Apaguem as luzes, me deixam só e no escuro, lhes peço!!! Por quê? Por quê? Não se pergunta por que a um homem na sua plena expiação, na exposição total de seu fracasso. Como se sabe, a grande, a melhor platéia é um teatro vazio. Isso é fazer arte. E só depois se mostra. Como agora, aqui.
pr