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O que estou escrevendo
Tenho na gaveta A Cozinha Gorda (título provisório há dois anos; e o texto guardado é uma constante tentação em mexer no que não se deve). A novela expressa a “falta” de lugar, de afetividade, sob o ponto de vista de um menino que vê sua mãe se movimentar na cozinha. Mas a cozinha é apenas o espaço mais pulsante de uma residência que vai abrigar uma paulatina desintegração familiar (os ricos, Fayet; e os pobres, Marmelo) e as conseqüências deste esfacelamento em comunhão. Mariinha (Fayet) está doente e recebe alimentos por sonda, preparados por Rosa (a Marmelo). Esta incapacidade, este corte em plena ascensão da família, deixa os Fayet perdidos, principalmente o menino Pedro Antônio, que conduzirá a narrativa com este olhar da desorientação. Rosa, a ajudante de pia, que somente perde a timidez quando mandada, é quem melhor se move em meio à desintegração. Mas que também sucumbirá ao dar à luz um “filho-mortinho”. Pretextos, enfim, para expressar a convivência entre etnias que nos caracterizam. Texto publicado na revista Aplauso, número 76, edição de julho. O título provisório mudou para A canção das panelas.
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