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sexta-feira, julho 7

O chute francês

Éramos eu, uma mexicana muito chata, uma alemã, sempre na dela, e dois caras da Finlândia. A turminha de estrangeiros na Universidade Toulouse Le Mirrail, em 1987, era pra ser legal, porque era pequena, mas eu não andava com cabeça pra “integração”.
A minha grana se esvaía e eu previa tempos muito difíceis logo adiante. Não conseguia me concentrar. Passava a frango com arroz direto. Era a minha especialidade naquele “estudiozinho” entre a universidade e a cidade dos aviões.
Os Pirineus nevados ao fundo. Soprava um vento intenso e eu ficava tentando adivinhar na janela, na Espanha, onde estava o pintor Salvador Dali. Ele estava bem próximo e no finzinho e eu só usando direto um casacão que levei do poeta Luís Coronel.
Ele, outro dia, contou pra uns amigos desse casaco. Confesso, Coronel, foi uma baita melancolia lembrar do casacão e da volta.
É, eu também não resisti à França. Faz tempo, também frente à França caí.
Quero apenas que me respondam agora. Será que eu fiz bem largar tudo e me dedicar a escrever?
Deixa que eu chuto a resposta.
Foi o que não fiz lá. O chute, talvez da minha vida, eu tenha deixado de dar em Toulouse. Só agora vejo. Na universidade, quando eu me queixava dos poucos tickets (quase passava fome!), me convidaram pra jogar.
Sério! Fazer um teste no Toulouse! Sabe como é, você é brasileiro e, quem sabe, possa ficar com eles.
E arrumei uma chuteira, pasmem, de um amigo português da faculdade, e não é que no dia amarelei.
Achei que estava fora de forma e ia fazer fiasco, suando a minha vida levada a peixe e aquele Coq au riz...
Fiquei em casa escrevendo. E dando umas aulinhas de Cinema Novo por comida até que desisti.
Eu tinha de escolher: ou faculdade ou ir pras uvas. E foi quando eu fui até o Monsieur Emorrine pedir um jeito de voltar.
Levantaram a grana da caixinha do serviço social extraordinário e me enfiaram de volta num trem. Avião em Paris.
Foi a minha segunda extradição. Antes, dois anos antes, eu fora deportado de Lisboa...
Mas, de Toulouse, eu trouxe um livro pronto, que só aqui intitulei: Glaucha.
pr