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sábado, julho 1

As aventuras de Beleco, o Quer Jogar

ENTRAM NO BANCO. AGUARDAM O ATENDIMENTO.
— Quer jogar que a gerente é viúva?
— Viúva? Como sabe, Beleco?
— Só nos detalhes. Quer jogar?
— Essa eu jogo. Como é que vai saber?
— Barba, cabelo e bigode. Jogo que é.
— Viúva?
— Viúva!
— Vamos ver.
APROXIMAM-SE DA GERENTE.
— Eu sinto muito. Fiz vocês esperar.
— Não precisa pedir perdão, por quê?
— Obrigada!
— Ôh, eu sinto muito. Era muito amigo meu.
— Quem?
— Este aí de mau humor. Vi o retrato dele no túmulo.
— Como? Viu? Quem? (PEGANDO O PORTA-RETRATO DA MESA).
— Era o seu marido. Quer jogar?
— Jogar?
— É. Quer jogar que era o seu marido?
— Esse aqui? Não.
— Não?
— Meu marido está vivo. Eu não sou viúva?
— Jogue.
— Já joguei.
— O quê?
— Que não sou viúva?
— Como sabe... Deus! Você andou investigando o meu jogo?
— Não entendi.
— Joguei que era viúva?
— Pois desta vez então perdeu.
— Não perdi.
— Como não.
— Conheço ele. É aquele que eu vi lá.
— O senhor é louco?
BELECO PEGANDO O PORTA-RETRATO
— O mau humor. A cara dele... É sim.
— O Meu marido não morreu.
— Não morreu pra você que é muito insistente. É esse aqui. Eu vi lá.
— Como?
— A cara dele. O túmulo. É esse de mau humor.
— Mas não é meu marido.
— Quer jogar que pergunto?
— Pra quem?
— Pra ele.
— ... Ah!
GERENTE SE AFASTA IRRITADA. BELECO GRITA.
— Vou contar que você já esqueceu dele. Ingrata!
SAINDO OS DOIS DO BANCO
— Beleco, então a tua idéia era esta? Dizer que viu o cara no túmulo. Nós vamos acabar sem crédito.
— Quer jogar que não?
— Mas você assustou a mulher. Vão fechar nossa conta.
— Melhor assim. Conta fechada. Preocupação a menos.
— Mas e os cheques?
— Quer jogar que não têm fundos?
— Beleco, pelo amor!
— Eu sei. Fui eu mesmo que dei. Não têm fundos.
— Que dor de cabeça!
— Eu tô atrasado, meu sócio.
— Mas aonde vai?
— Por aí...
DE VOLTA À MARCENARIA. BELECO LARGANDO O CASACO.
— E aí, meu sócio, alguém ligou?
— Do cemitério, Beleco. Pra avisar que já mudaram o retrato.
— Tá certo. Hoje de tarde ela vai lá.
— Eu não acredito que você roubou o retrato do marido dela.
— Só peguei emprestado. E assim ele vai tomar uns ares.
— E será que ela vai lá no túmulo?
— Vai, vai lá conferir.
— Vai ser boa!
— Pode jogar!
pr