O medo
Tem o medo do Mercado, não sabe do hippie feliz.
Tomar um guidão, ter um Jeep, se mandar por aí.
Ao contrário, o borrado anda às voltas, tá no gim, na cachaça, o medo tem sobrenome, é a falta de culhão.
O medo das lojas. O medo-remorso, o medo do que não fez.
Que o medroso não faz nada, deita cedo, tapa a cabeça, não dorme de medo também.
De medo do vento, de um outro casamento, de encarar a vinda de um filho e desafinar na canção.
Por isso não canta. O medroso é um triste e a sua elegância reside aí:
o sentimento do medo é o tremer;
o comprimento das pernas a bambar.
Unhas roídas. O medo é feio, é vício, vírus, o covarde tem essa barra a lhe empatar.
Eu já vi por causa do medo muito carão no amor.
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