Poema errado pra Lurdica
Mas dizia de um rio sem conhecer a chuva
E esse era o erro do poema
Um rio tristonho porque queria conhecer a chuva
E, pelo poema, nunca conheceria
Nunca!
O rio olhava a chuva
Era errada a poesia
E a garota gostava
O rio ia convidar a chuva pra dançar
Nunca conseguiria
A chuva achava de não chover no rio
Chovia noutro
E o rio tristonho
E Lurdica gostava
E chorava junto
E o poema dizia que não entristecesse mais seu coração
E a garota então ria
Ria do rio da música porque o rio era só do poema
As cachoeiras dele, as cascatas também
Só na tinha chuva
Não, só o frio, era o seu tempo
E o riozinho entristecido
Rio sem chuva não é nada
E o riozinho dizia pra chuva, me leve!
O poema pra Lurdica dizia isso
Cheio de erros, mas de bom coração
Há muito, soube da morte de uma irmã, Maria de Lourdes (que morava em Esteio e conheci apenas por foto), encontrada em Cidreira enroscada em redes de pescadores. Entre ilustras que agora preparava, percebi sua presença no desenho acima. Para ela, o texto.
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