OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

segunda-feira, abril 17

Mulher acordada, homens tolos

Ele disse que fica desesperado na ondulação do seu corpo. E ele fica entre a ânsia e a angústia na consistência do que a cama mostra. E se ela fecha os olhos, debruços, ele já compreendeu: fique também quieto, nem lhe fale.
E no acontecer desse silêncio, diabos, nesse silêncio feminino é que ele se põe de joelhos: é quando apreende a insignificância, apreende a fragilidade, bicho estremecido pela falta de atenção da mulher.
Quando pinta esse silêncio sem causa, ele, mudo, revoga tudo o que pensava ser. E se faz um homem no arrasto. E se arrasta porque o silêncio da fêmea é o que gira as estrelas, é por ele que os homens sofrem, agridem-se, choram, fazem a guerra e a paz.
A fêmea silente é o que move nossas passadas, é o nosso raio de luz.
Esse mudo virar de costas é legado de Eva, herança nossa, parte e costela, padecemos ao seu bom lado, mulher, no teu emudecer.
O silêncio desinteressado da fêmea é o que nos aguça, embeiça, amacia, é o nosso Máximo Demolidor Comum.
Todos padecemos disso, ao dar de ombros vago, ao pouco me importa da mulher.
É um silêncio que olha, toca, fere, é calor morto de uma noite sem sal. Lençóis aos pés, que vale o amor sem gozo?, o silêncio, silêncio a gritar?
Mudo amor que não abre lábios e apenas sussurra, “só se quiser”.
É brutal isso. E é o que nos domina, mais nos eleva, nos faz anjos decaídos sem mais Deus.
Não há precisão matemática, ciência, cadência de samba ou bode que nos alivie do não saber. O que se passa afinal nesse instante da força que emana da fêmea ao silenciar?
De onde vem, afina, agarra com muda força feminina o homem no contrapé?
Esse emudecer é o que faz o homem gemer, é o que faz a terra chorar.
O silêncio da mulher!
É o princípio do mundo restar ao lado da mulher que está sem estar. É o verbo em si esse calar. Luz sem voz, a Mulher, Divina Causa, nos precipita neste vazio.
pr