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quinta-feira, março 23

Pedaços de Glaucha

Eu olho para mim mesma e sinto dançar na minha alma uma mulher de longos cabelos que não deixa ver sua cabeça. Uma mulher que olha os meus olhos, mas que não deixa eu olhar a sua boca. O meu gesto, a minha palavra usada: muda. A altura de minha mão esquerda.
Minhas dimensões são alongadas de um lado para o outro.
Só aquela voz.
E um homem destes inteligentes me olha dentro do meu sonho e me estende uma toalha. Enxugo o meu rosto e lhe devolvo o meu próprio sudário, com as marcas de meu coração de fêmea.
Tudo dança. Não vejo o tempo. Não vejo como as pessoas se dispersaram do meu sonho. Elas se dispersaram, porque se dispersaram quando acordei. Eu já não as vejo. Eu sei somente nomes: um dia começa a nascer. Elas e parecem muito com este novo dia. A boca do novo dia, com suas bocas. O prazer de bater nesta luz do sol é o meu prazer, ao mesmo tempo que o ar tomba as grandes folhas das árvores, o seu prazer. É o seu tempo de prazer. Eu me agacho, eu procuro a minha outra maneira de ser como a folha desajeitada no novo chão. Outra maneira única. Eu sou como uma ruazinha sem pedestres onde um idoso estende sua tenda de pães.
Trechos de Glaucha, ps.139, 140