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quarta-feira, março 29

Pauzinho

A primeira coisa que fizeram na vez do acidente na serraria foi salvar o Pauzinho. O Pauzinho era o homem que tinha caído na serra-fita e ficado sem as duas pernas.
O Pauzinho ficou sem as duas pernas e inconformado. A Assistente Social disse que ia mostrar ele pro outro doutor.
E deram uma abração no Pauzinho antes de sair do quarto dele.
Abraçaram ele depois que a tia dele foi lá e contou tudo; já fazia 45 dias.
Tombado na cadeira, fechava os olhos e aquela vida estendida.
Ele não se queixava.
Só um dia o Pauzinho protestou. Mas foi só porque tava muito escuro pra ele descer a escadinha do corredor das prateleiras de sabão.
De-bundinha daquele jeito, no corredor com a luz queimada. Ele caminhava com as mãos olhando pra trás porque vinha luz lá do alto do outro andar.
O Pauzinho que era bem pequeno, ainda mais no escuro.
Sempre lavando o rosto com bastante espuma.
O suor do despernado daquele jeito e a barriga com dois caroções.
Quando andava bem de saúde ele só voltava pro porãozinho onde morava só de noite.
E ele tinha sono e não dormia.
Garrafinha de mentruz pra dor nos ombros.
Gostava de uva.
E tinha uma gavetinha cheia de sutiãs. Um guarda-chuva.
Mas era preciso chover muito pra ele sair de guarda-chuva.
Ninguém conseguia entender como o Pauzinho não se desesperava.
Trecho de Valsa dos Aparados, ps. 18 e 21