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segunda-feira, março 20

A mãe, a filha e a barca

A barca traz o corpo morto. A água do rio refrata a mulher de joelhos. Uma mãe, pendurada e viva no caixão da filha morta. Em seu desespero, com as pernas entrançadas, a mulher vem dependurada no tampo. Seu corpo pesa. Embalado. É mãe com seu grito tétrico de horror e apego.
Ai que dor! Ai que dor de Deus!
Navega o caixão grande na água. Para isso se faz o Barreiro agora. Uma paisagem. Na cortina de sua água a sombra de uma cruz de pau.
Mãe e filha descem de costas o rio. A força de mãe no tampo, a força das mãos para arrancar a janelinha do caixão.
Ai dor dependurada. Ai dor de mãe querida!
Uma forma de bicho essa mulher em seu amor.
E a barca vem também ela como um grande defunto deslizando. Resvalando neste rio. O rio, calmo, de posse deste caixão e do grito materno.
A cortina de água se crispa.
Dependurada no tampo segue a mãe e um repicar de sino distante.
Dolorosa espécie de missa essa volta.
pr