A desconfiança é uma droga
Isto me estraga, porque a desconfiança é o que mais se aproxima de se perder a razão. Porque a desconfiança irrita, tira a calma, você logo passa ao vozeirão. “Não fui eu, estou dizendo!” Mas, o desconfiado, na sua convicção de dúvida, insiste que sim.
É um dano isso. Dano moral. Ataca os princípios, duvida de nossa formação.
Em situações assim, é pensar: bem, até provem o contrário, estou sendo honesto comigo. Em seguida, oferecer logo a face e deixar, fazer o quê?
Quem se arma de desconfiança, na desconfiança vai continuar. É uma teimosia desvirtuada: se digo que não fiz, não fiz. Se digo que não fui, não fui.
Mas não. Nem o olho no olho vai convencer. Quer ser o dono da verdade, porque a vaidade do desconfiado reside na dúvida, sim.
É o seu charme. Quando digo que é isso, porque retrucarem com o aquilo? Ora, se estou dando a palavra, por que atalhar??? Nada de atalhos. Eu gosto é de estrada sem curvas, a minha vista sem turva, pensamentos bons.
Por isso, o que me estraga o dia é a fina ironia do duvidar. O riso do será?, fale a verdade, isso é provocação.
E na hora reajo, na hora rebato, mas logo desanimo e o próximo movimento é o de me distanciar. Não quero mais, fique com isso!, não entre nessa de me julgar. Quando falho, eu assumo, eu confesso, eu não minto. Mas, o que me deixa mesmo danado é saber que dizem o que eu não fiz.
É sacanagem, é uma incredibilidade a te nocautear. No amor, por exemplo. “Não liguei, me acredite!” Mas, vá convencer! A tua ouvinte está ali e não arreda. Duvida por escolha dela, só ouve o que quer, se ouvir...
Se há coisa que não aceito é isso: duvidarem dos meus propósitos.
Não admita também, leitor!
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