OBRA     AUTOR
         


Vitrola dos Ausentes
Clique aqui e leia um trecho.


Nova Edição



Clique aqui e leia.


DEMAIS LIVROS


Glaucha
Clique aqui e leia um trecho.



Iberê
Clique aqui e leia um trecho.




Valsa dos Aparados
Clique aqui e leia um trecho.




Missa para Kardec
Clique aqui e leia um trecho.



Quando cai a neve no Brasil
Clique aqui e leia um trecho.


Cozinha Gorda
Clique aqui e leia um trecho.


As luas que fisgam o peixe
Clique aqui e leia um trecho.

Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
Clique aqui e leia um trecho.



Cem Menores Contos

Clique aqui e leia um trecho.



Contos Cruéis

Clique aqui e leia um trecho.



Contos do Novo Milênio

Clique aqui e leia um trecho.




 

quinta-feira, abril 29

Bate-papo na Palavraria


Dia 8 de maio, às 18h, na Palavraria, em Porto Alegre, encontro para um bate-papo com o Paulo Tedesco e os amigos. Além do recém-lançado livro do Tedesco, Contos da Mais-Valia, também terá por lá O Tal Eros Só.
Apareçam!
A Palavraria fica na
Vasco da Gama, 165

quarta-feira, abril 28

A neve permaneceu

Os lugares mais bonitos que conheci são Bom Jesus, Rio de Janeiro e Bom Jesus. Nesta ordem. E comprovei. Fui procurar a Rádio Aparados (que agora está na internet, mas ah!) e no mesmo lugar encontrei uma série de fotos de nevascas que entraram para a história do nosso lugar. Graças ao garimpo do Eduardo Borges, o Seu Duda, temos no site um pequeno tesouro, um princípio de painel do gelo em sua permanência. Além da neve, se vê os trajes, a arquitetura, as antigas ruas, a modificação de uma cidade no seu aparente estagnar.
A neve de 1957 foi a maior. Mas, as fotos agora revelam, a nevasca de 1965 também não ficou para trás. Foi a mais rigorosa. Entremeada com uma semana de fortes chuvas, naquele ano houve dias de muitos “capuchos” no registro que se eternizou.
O site com as fotos, além do aspecto emotivo, é uma pequena aula de história da nossa terra. Desde 1942, mais precisamente dia 19 de junho (dia de forte nevasca), mostra aquilo que Bom Jesus sempre foi: uma bonita paisagem. E quanto mais antiga, mais bonita fica. É dessa Bom Jesus que falo a rivalizar com Rio.
Daquele 1942, por exemplo, se pode ver a casa de Marcírio Cardoso, que servia então para o Tabelionato, e que foi por muitos anos o Posto de Saúde (aliás, hoje outro prédio, mas que permanece no lugar).
E há uma outra foto desse dia mostrando a Praça Rio Branco cercada de arame. Ao lado, uma casa de madeira onde será depois erguido o Juventude, um dos clubes de lá.
Em 1952, junto com a neve se pode ver o velho Café União, de Domingos Spinelli. E o busto do Major Antônio Inácio na primitiva praça desenhada por Iberê.
Em 30 de junho de 1955, ergueram um boneco sabe-se lá a quantas mãos.
Mas a neve que mais teria acumulado é a de 1957. Teria atingido 2 metros e há um registro de elegantes mulheres com seus casacões. (Será perto da casa de Sizino Aver, o construtor dos alicerces da igreja matriz?)
A neve de 1964 serve para mostrar que o reservatório d’água e o coreto ainda eram centrais. E, em 20 de agosto de 1965, a última neve na antiga praça, dá uma ampla ideia daquele “outro” Bom Jesus, do seu cinquentenário e dos capuchinhos a influenciar. Em uma foto surge a prefeitura recém-construída; ao fundo a imensidão da brancura a tapar.
Teremos neve em 1990, 1992 e 1994. Nenhuma delas, porém, com a força das nevascas de 1957 e 1965.
Recomendo conferir o site (onde também se sintoniza a Rádio Aparados): www.bomjesusturismo.tur.br/

Crônica no Pioneiro de hoje.

domingo, abril 25

O mito ao contrário

Se vivos e usuários do Twitter, James Joyce, Guimarães Rosa, Georges Perec e Erico Verissimo seriam seguidos pelo escritor e professor Paulo Ribeiro. Ele usa o exemplo para mostrar que esses expoentes da Literatura de Invenção são a “turma que ele segue” – e não a quem se compara. Seu recém lançado livro-palíndromo O tal Eros só – Osso relato reinventa a linguagem e exige do autor mais do que a criatividade inerente à ficção. Vai além de contar uma história, a do jovem Sore, interiorano que usa chapéu nos pés e caminha de costas. Cria, além desse universo inspirado na mitologia grega tão bem esmiuçada por Donaldo Schüler, um modo de narrar. Em troca do trabalho de quatro meses para ficar pronto, o livro pede apenas que o leitor aceite participar do jogo que é ler de trás para frente, de baixo pra cima, uma regra simples. A interação pode ser comparada à aplicada por Julio Cortázar em O jogo da Amarelinha, onde quem lê é que escolhe a ordem dos capítulos.
Poderá se pensar que escrever um livro-palíndromo é andar de costas, como faz Sore. Mas tanto para Paulo Ribeiro como para Eros a ação surge natural, não é para ser difícil ou incompreensível. O que pode ocorrer é a falta de um dos elementos da tríade autor-obra-público explicada por Antônio Cândido em Formação da Literatura Brasileira, de 1959. Não há dúvida sobre a consistência de autor e obra. Quanto ao público, este deve, no mínimo, ler a introdução, que certamente irá instigá-lo a ir adiante.
A primeira parte de O tal Eros só conta uma versão do mito de Eros amaldiçoado por seu pai, Zeus. Sore é um jovem excêntrico. Filho de Zeda e Otto, namorado de Alma, aluno aplicado que, entretanto, não gosta da repressiva Matemática ensinada pelos freis. Após sua morte – “Ciclista que transita de costas é atropelado na BR”, Alma descobre uma caixa com os textos de Sore. Começa, então, a segunda e melhor parte do livro.
A caixa cheia de poemas aberta pela namorada é como uma caixa de Pandora de onde sai o caos linguístico de frases que podem ser lidas no sentido contrário. Para Eros, o caos é o mundo ideal, e no caos sua expressividade atinge o auge. Os palíndromos de Paulo Ribeiro mostram um Sore contemplativo, que passa tempo no café, lê jornais e conversa laconicamente. As poesias são repletas de ah!, é, ôh!, interjeições típicas de quem observa a realidade e escuta e responde as indagações daqueles que o rodeiam. Na epígrafe, o autor seleciona um trecho de O Banquete, de Platão, que diz que tudo que Eros “consegue pouco a pouco sempre lhe foge das mãos”. Mas é na República que podemos entender a poesia de Paulo Ribeiro. Platão não diferencia o poeta do filósofo. O raciocínio filosófico, mesmo em versos, permanece filosofia. E O tal Eros só pode ser compreendido como uma filosofia erótica, niilista talvez, de poemas enxutos e concisos e, em raríssimos momentos, imperfeitos. A junção de lh no verso “em olho, olho-me” do primeiro poema gera uma ilusão de ótica que enganou até mesmo o autor. É metafórico, como todas poesias, que ao falar do olhar a visão seja embaralhada pelas consoantes. É na busca por um significado além do proposto que reside a maior riqueza de Osso relato.

Texto de Paula Sperb. Jornal O Caxiense deste final de semana.

quarta-feira, abril 21

Mãos vazias de livros

O meu editor conta que o distribuidor do livro ficou muito indignado porque vendi apenas 19 exemplares no lançamento. Mais uns 20 de cortesia, some-se, não chega a 40.
Pô, tenho eu lá culpa disso, senhor distribuidor?! O que devia fazer eu fiz, escrever o livro. O resto é com a mentalidade cultural do país em que vivemos.
Quarenta exemplares. É um bom começo.
Na lotação, um colega professor da UCS me disse que até me admirava: num país em que ninguém lê, eu ainda escrevia um livro de trás pra diante!!
Bom, se cabe algum consolo em ser autor no Brasil é exatamente este: já que ninguém lê, podemos experimentar novas formas de literatura à vontade.
Claro, desde que não envolva terceiros, e, no caso, meu editor e o distribuidor estão com toda razão indignados.
Eu não estou. Começa que a obra saiu pelo Financiarte, e acho que é bem uma das funções do Financiarte impulsionar livros que estão longe de ser autoajuda, ou melzinho na chupeta de leiturinha fácil.
E também, no plano pessoal, já estou mais do que adulto e vacinado com estas consequências de fazer livros que desembotam cérebros, mas que nada vendem.
O livro tem rendido. Pelo menos já soube de uma boa piada. Que para ler O tal Eros Só é preciso anteceder com alguma xícara de ervas do Santo Daime.
É boa como piada. Mas é só uma triste piada (o país, a cultura, etc, como eu disse acima).
Enfim: piadas, mas piadas ruins. Como dizer que a quinta-feira passada era o dia do meu livro e do título de cidadão para o Zé do Rio na Câmara. Piadas...
E claro que o livro faz referência a Platão, ao Voltaire e o seu Cândido ingênuo. Por quê? Não poderia?
Ah, “vão zerar uma linha de apoio!”, como brincam comigo os alunos, depois desse sarro do Samuel Rodrigues com a minha exigência de frase de ajuda abaixo de títulos. É coisa de jornalista, desculpe aí o leitor que não conseguiu pescar o sentido.
Piadas. E eu levando o meu livro super a sério. Porque o tal de Tal Eros não é difícil, é uma grande brincadeira.
Incentivo para leitura. Para mãos vazias de livros.

Crônica no Pioneiro de hoje.

sexta-feira, abril 16

Dívida literária

Sempre sou indagado sobre quem me influenciou a escrever e porque decidi ser jornalista. Não tem como responder. É uma sequência de fatores que acabam “formando” o autor. No meu caso, posso indicar uma lista, que é uma forma de reconhecimento:
1) A minha muito boa alfabetização com Anita Piazza; 2) Os primeiros livros alcançados por Eny Saraiva. Meu pé de laranja lima foi o primeiro;
3) Ter sido jornaleiro. Enquanto entregava jornais eu lia as notícias. Costumava ler as crônicas da Ivete Brandalise na Folha da Tarde. Lembro de uma manchete dos jornais que vendia: Morreu Mao (Mao Tse Tung, o líder chinês);
4) O incentivo de Maria Magdalena Gomes, Regina Barbosa de Almeida e, de novo, Anita Piazza, nas redações em aula; 5) As revistas Veja antigas que minha tia Noêmia trazia todos os anos da JUC-Casa 7 de Porto Alegre, onde era cozinheira. Os livros velhos que a tia Noêmia me presenteava (os gibis que eu consumia);
6) Uma entrevista de Paulo Roberto Falcão, que dizia, no futuro queria ser jornalista; 7) A descoberta de Drummond e Vinicius de Moraes na mesma época;
8) A venda de livros pelos Correios. Eu gastava toda a minha grana de office-boy do Banrisul comprando coisas como O Inferno na Torre, Krammer versus Krammer, e, por conta própria, Grande sertão: veredas de João Guimarães Rosa.
9) O meu interesse pela biblioteca Frei Damião, do Ginásio de Bom Jesus, onde eu vivia fuçando; 10) Uma Coleção da editora Abril, com as melhores reportagens da Realidade, Veja, Placar e Quatro Rodas.
11) A influência do pessoal do teatro de Bom Jesus, que plantou a semente uma geração antes; 12) As gincanas do Ginásio e também uma gincana da Rádio Fátima de Vacaria;
13) A descoberta do poeta português Herberto Helder, em Lisboa; 14) A leitura de James Joyce naquele mesmo tempo; 15) O irmão Mainar Longhi e as suas fichinhas de livros em caixa de sapatos na PUC.
O listão não acaba.
Crônica desta semana no Pioneiro.

sexta-feira, abril 9

O Tal Eros Só - Osso Relato

Clique na imagem para ler o convite de:
O Tal Eros Só - Osso Relato. Novo livro de Paulo Ribeiro.
Quinta-feira, 15 de abril, no Zarabatana Café, 19h30min.
Leitura de textos e performance com Jorge Valmini e canja do Acústico Farina.
Sessão de autógrafos.

terça-feira, abril 6

Os Chicos espíritas

Fui assistir ao Chico Xavier e confesso que não me empolguei. Eu esperava muito mais sobre o espiritismo, sobre esta impressionante doutrina que começa com Allan Kardec, na França, e vem encontrar no Brasil o seu terreno mais fértil.
Está certo, é um filme sobre a biografia das “muitas vidas” de Chico Xavier, mas eu esperava mais contexto, mais História do Kardecismo, do que apenas acompanhar um Chico Xavier em conversas com o espírito de Emmanuel onipresente. Soa falsa a presença do mentor espiritual de Chico materializado na tela.
Por que eu esperava mais contexto? Por causa da longa tradição, da forte atuação espírita em Bom Jesus, que marca quem nasce lá. O Bonja foi um interessante ponto de divulgação da doutrina, principalmente pela presença de Francisco Spinelli, que introduziu a “evangelização” nos centros e fundou também as Caravanas da Fraternidade.
Em Bom Jesus, com Marcírio Cardoso, Francisco Spinelli seria um braço na divulgação da doutrina, mesmo antes de 1915, quando fundaram o primeiro centro na cidade. E levaram um sujeito de nome Acylino, de Araranguá, que pela primeira vez promoveria uma sessão espírita. Não é pouco para a época.
Com um educandário atuante, e com Francisco Spinelli inclusive criando as “escolas dominicais”, a leitura do Evangelho logo se espalharia aos demais centros subsidiando a doutrina. Por este aspecto, o Centro Espírita Amor de Jesus foi muito importante no Rio Grande.
Houve uma série de desencontros com os capuchinhos, principalmente pela atuação de Chico Spinelli, que se tornaria mais adiante presidente da Federação Espírita Gaúcha, e integrante do Pacto Áureo, o congresso que unificaria todos os centros do Brasil, no final dos anos 40. Os espíritas viviam em conflito por conta da condução da doutrina.
Por isso, fui com muita expectativa assistir ao Chico Xavier e, daí, certa decepção.
Figuras como Bezerra de Menezes (que também ganhou filme, que não assisti), Zé Arigó e Dr. Fritz, não recebem espaço. Claro, o diretor Daniel Filho optou por centralizar na figura de Chico Xavier. Mas tal trajetória, monótona por si, em duas horas de filme se torna ainda mais.
O que mesmo prega o Kardecismo? O que significa a vida num outro plano espiritual? Como não melhor revelar esta doutrina que tanto conforta em momentos cruciais e de desespero? O filme fica devendo isso.

Crônica no Pioneiro de amanhã.