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segunda-feira, abril 27

Leia ao contrário

Sue de carga. A! tu cicia. Sol. Osso. O dia cedo a ver treva.
A ira.
O céu nosso. O nós, o nada.
À turba, li: Café!
Saudei: I! Ê! Duas.
Aura da rua.Olho à janela. Anil o céu...
Ué! Li lá grande. Ia, pô! Ararê? (Nomes). Assim a nada como nada.
O treco. O caos.
Aura da rua. A cavalo. Placa.
Ei, cifre. Pus o Demo na letra.
Sarutirc se sadargas.
Imita latim. É o trote.
E torto. Emita latim. I!, Sagradas Escrituras.
Arte lá no medo, superfície, a Calp!
Olá, vaca! Aura da rua. Só acoo.
Certo Adan (o Móca) dana a missa sem onerar ao Pai.
Ednar. Galileu... Ué colina?!
A Lena. Já olho.
Aura da rua.
Saudei. I! Ê! Duas.
É fácil. À bruta.
A! dano! Só no osso nu. Eco.
A!, ria. A ver treva o decaído.
Os solos. Aí, cicuta. Agrace Deus.

(Este texto pode ser lido de baixo para cima e o conteúdo continua o mesmo. Ele serve para ilustrar a crônica da semana passada, que falava sobre o meu novo livro Osso relatoo tal Eros só. A passagem aqui transcrita é o personagem Eros (sofrendo a ira de Zeus, o seu caos), de manhã, à janela de um Café e observando a movimentação da rua).

terça-feira, abril 21

As teias caducas

A melhor coisa, quando não se tem leitores, é a total liberdade de criação. Não se está preso a nenhum compromisso e esta irresponsabilidade criativa, paradoxalmente, tem sido uma espécie de sina que me impus. Jamais me repetir livro após livro. A criatividade seria o prêmio pelo baixo índice de leitura nas apostas que fiz.
Daí que, isto tem lá o seu preço, passei quase 2 anos sem escrever ficção. Só agora, nos dois primeiros meses do ano, consegui, a partir de um autoexílio parcial, construir alguma coisa em literatura. O resultado, para três amigos que leram, é “radical”.
A história trata do seguinte. Eros, o Deus do amor na mitologia grega, casou-se com Psiquê (a nossa Alma), mas jamais poderia mostrar o rosto, pois era o homem mais belo. Caso mostrasse a face, Eros seria punido por Zeus, o deus dos deuses. Insuflada por suas irmãs, numa noite, Alma descobre o rosto de Eros enquanto este dormia. Acorda sobressaltado com o pingo da vela no peito.
A partir de então, Eros passa a pagar pelo seu descuido. É castigado por Zeus, que o faz vagar pelo mundo. Este caos em que mergulha Eros é que procuro expressar.
Era para ser apenas um bloco, que chamo agora de Segunda Parte, ou, Segundo Livro. Segundo Livro porque meus amigos sugeriram que desse um mínimo de amparo aos meus poucos futuros leitores. Uma espécie de “introdução” ilustrativa do que acontece naquele bloco de texto que eles leram.
Depois deste retorno – deste fogo amigo dos meus bons leitores – tenho martelado uma forma de fazer este texto circular. Em princípio, pensei numa edição com distribuição gratuita. Já desisti. Mesmo “radical”, nosso livro sempre tem de ser um produto, já que estamos até a raiz no que se chama Indústria Cultural.
Por outro lado, também, distribuir textos gratuitamente em tempos de Internet não tem mais nada a ver.
Em vista disso, agora busco meios de editar este livro que, em sua segunda parte, pode ser lido como um “dois em um”. Isto é, um imenso palíndromo, uma narrativa que pode ser lida ao contrário, de baixo para cima, e o conteúdo continua o mesmo.
Um exemplo de palíndromo do livro:
A ver teia caduca. Acuda! Caí. É treva”.
Há muito humor nisso e me diverti pra caramba fazendo. E espero que possa surpreender aos leitores com esse Osso relato (o tal Eros só, ao contrário).

Texto para o Pioneiro de amanhã.

terça-feira, abril 14

As caras do humor

Arnold Schoenberg, o criador do dodecafonismo, a música mais cerebral que já se teve notícia, gostava de praia e tinha lá suas manias de inventor. Criou projetos para a mobília de casa, assim como inventou jogos para os filhos. Suas invenções iam desde uma máquina de escrever para a notação musical, como um interessante registro das partidas de tênis. E gostava tanto de xadrez que tentou alterar as regras de avanço nas casas.
Schoenberg era capaz de jogar ping-pong, mas nunca aparece, em fotos ou filmes, bem-humorado, embora uma vez tenha jogado tênis com Groucho Marx. Devia ser daqueles caras que admira o humor nas entrelinhas, nunca o humor escrachado das piadas.
John Cage (músico americano, discípulo de Schoenberg, que compôs a ‘sinfonia de silêncio’, 4 minutos e meio com o maestro estático, e ali está o humor. E Cage gostava de Duchamp, que reinventou a arte moderna com um penico; e isto também é humor) em seu texto De segunda a um ano, lembra que, ao menos que sejamos comediantes, tudo está perdido. E que Schoenberg suplantava isso com as suas verdadeiras “mágicas”, tirando ideias musicais uma atrás da outra, numa torrente de revelações. E é engraçado mesmo se ver cenas de ‘suspense’ em comédias, em que se coloca como música de fundo algumas passagens do Schoenberg.
Mas o que pretendo dizer é que o Humor tem inúmeras formas de representação, isto é, o humor tem várias faces.
Há o humour inglês, o humor refinado, ensaísta, quase filosófico (Stern, Machado de Assis que fez este humor entre a gente).
E ainda há o humor que costura por dentro, da supraironia, que é jocoso com as tragédias e vem embutido no texto, já que é próprio da literatura. Joyce (o bem-humorado no seu modo irlandês) é o papão neste gênero, que encontrou no Paulo Leminski um bom representante aqui próximo.
E há o humor da forma, não formal, que é aquela blague que se encontra na Poesia Concreta (sim, a Poesia Concreta é humorada, não é ranzinza), que brinca, sim, como os deslocamentos das palavras em torno de si mesmas.
Há também o humor dos irmãos Marx, um humor inteligente, de tiradas de gênio, ainda que piadista. E há o humor escrachado, mais do que circense, o humor dos programas televisivos, humor primário e já apelativo (Faustão, Didi e outras zorras).
E há o humor aquele que apela para o pornográfico e toda a espécie de preconceito. Aí, já é penico. E não é o do Marcel Duchamp.

Crônica de amanhã no Pioneiro.

sábado, abril 11

Mariinha

O vestido que lhe mudaram tinha a cor da mariposa. As crianças que acompanhavam, queridas, ficavam sentadas. Tudo tinha o gosto da Nenéia no caixão da Mariinha. O tom combinando, as flores inocentes da coroa, nada de muito caro, embora pudesse ser assim pela loja.
Pensando bem, os vizinhos mais vizinhos sentem a falta, entristecem. E quer jogar que daqui a pouco apareça o Marmelo com o chapéu roxo dele?
O Seu Alcides, se tivesse estudo, tinha uns rompantes do Luther King. Se fosse mais altinho, era mesmo. Como diria a Nenéia, “praticamente”.
E também praticamente parecidas eram ela e a Martinha. Que só sendo Mariinha pra comparar as duas. E que a Mariinha achava iguais!!
Eram dessas lembranças do coração que se fazia o velório. Bem pouquinhas e boas lembranças, porque ninguém queria lembrar da Avany com a mãe dela, nos braços, gritando, “Não morra! Não morra!”. Gritando, “será o que foi que eu fiz??”
Foi vestida de mariposa a Mariinha. Era costureira e nem é bom citar nomes de quem dizia que era costureira de segunda.
Ah, Mariinha teu cansaço, teu derrame, tua neblina eterna!
A Mariinha já sofreu. Que descanse. Que merece.
Fragmento dos originais de Cozinha Gorda. Minha mãe, Carmem, estaria de aniversário neste Domingo de Páscoa.

terça-feira, abril 7

Confissões derramadas

Acabei de desistir do Chico Buarque no capítulo 14. Se é para ler História do Brasil com merenguezinho metafórico, não dá. Estou falando de Leite derramado, romance recém-lançado por nosso maior compositor. As confissões de Eulálio Assumpção, moribundo que revisa seus antepassados através da História do Brasil, não conseguiram baixar a minha guarda. Larguei.
Na verdade, prefiro reler O Anjo Pornográfico – a biografia do Nelson Rodrigues escrita por este mestre no gênero, Ruy Castro. É muito mais “romance” que o Leite derramado. Também temos no Anjo a história do Brasil, mas sem a “intenção sociológica” que o texto do Chico nos induz. O livro de Chico é produto da linha de montagem da qual fazem parte Jô Soares e o Rubem Fonseca de Agosto (em menor escala geográfica, toda a obra do Assis Brasil).
Este tipo de literatura brasileira atende àqueles que se guiam pela leitura sociológica que entre nós tem grande estima por conta do Antonio Candido (também, sim, já comi deste prato). O fato é que não enfrentei o livro do Chico e talvez isto indique que cansei destas ilações à política e às ideologias no seio da obra. Muitas vezes soa artificial e fica chato.
Eu sei, eu sei, através de um romance podemos saber como foi o Brasil pós-escravidão, a imigração em nosso meio. Mas, realmente, armo defesa com estes romances que se põem a “fazer” História. Não é a praia que mais aprecio (e, por isso, gosto do Erico de Antares, não do Tempo e o Vento).
O romance do Chico me apareceu muito ajustadinho. Tentando mesmo rever certa formação brasileira nas entrelinhas que não me cativou. Ele vincula a decadência de uma família da classe-alta à certa tradição de país pela ótica do desencanto (e o Fischer, que gostou do livro, apontou os limites cariocas desta tradição). Mas, Peninha (Eduardo Cunha Bueno) faz isto de maneira muito menos chata, com sua maneira bacana de ler a História do Brasil com metáforas humoradas e tiradas com deboche.
O Leite derramado (tentei mais 4 capítulos) pode até ser um livro “belo e encantador”, como já li em crítica, mas não conseguiu me fisgar. Onde a invenção? O mergulho suicida dos criadores? Até o capítulo 18 não encontrei.
***
Semana passada, deixei de creditar o autor de Lembranças, gravada por Porca Véia. O autor da canção é Telmo de Lima Freitas.
Crônica de amanhã no Pioneiro.

sexta-feira, abril 3

Prelo

Pelo jeito a lenda de Eros rende mesmo. O escritor Paulo Ribeiro já entregou à editora Belas Letras o seu novo livro Osso relatoO tal Eros. A história trata do caos em que mergulha Eros, o Deus do amor na mitologia grega, depois de ter seu rosto descoberto por Psiquê, a Alma. Eros é castigado por Zeus, que o faz vagar pelo mundo. E este caos é é o que o texto procura expressar. O livro é dividido em duas partes, e o Livro II é mesmo um grande palíndromo, com textos distribuídos em 33 blocos, que podem ser lidos de trás pra diante (como faz Ribeiro com o título da obra: Osso relato, que é O Tal Eros Só. Pelo ineditismo do seu formato, a Belas Letras encaminhou a obra à Biblioteca Nacional para registro. Confira, em primeira mão, um trecho do livro:


Arte letra. O seu ocaso.
O seu Zeus? A!, daí previa. E daí a ira.
E trom!!!Ú! Eco no vácuo. Asar bem o medo ao medo. O só? Olhe. De boi tem a aura e o tédio.
E de pé, à rua, o sexo, ô, dá todo dia.
A!, ri. Dê (ô!) e Deto.
Era belo o tal Eros.
E se não?!
O dia cedo é o caos, o após. A!, cura-me, Amélia!
O agora, a!, roga, Ô! Aí lema e Maruca.
Sopa, ô. Só acôe o decaído.
O Ane-se só relato. Olé! Bar e o tedéo. É da ira.
Aíd, o dotado, ôxe, sô!! Aura e pede.
Oi, Deto. É a rua!
A!, meti o bedelho.
O só. O Demo. A! o Demo me brasa. Ou cavo no céu.
Morte? A!, ria. Ia Dê aí ver piada??
Sue. Zue só, ô saco!
Ué, só arte letra.

(Matéria do jornal Pioneiro de hoje).

quarta-feira, abril 1

As 20 músicas gaúchas

É bom o número de leitores que admira o tema nativismo, pois a crônica em que falei do Mário Barbará rendeu alguns e-mails. Recebi detalhes da trajetória do compositor de São Borja (alguns até emocionados, como o do seu amigo e conterrâneo Paulo Motta). E recebi, principalmente, cobranças sobre a tal lista de 10 músicas que considero as nossas mais representativas.
Ora, fica difícil apontar 10 canções neste manancial de criatividade que é a nossa música gaúcha. Por isso, dividi em 2 grupos (e percebam que deixei fora os outros festivais e a chamada MPG — Música Popular Gaúcha). Aí vai:
Música Gaúcha Campeira:
1- Os homens de preto — Paulo Ruschel
2- Última lembrança — Luiz Menezes
3- Lembranças — Telmo de Lima Freitas, com Porca Véia
4- Oh de casa — Irmãos Bertussi
5- Coração de luto — Teixeirinha
6- Barbaridade (Mentira do Pescador) — Os 3 Xirus
7- Baile da Mariquinha — Os Serranos
8- Terra, esta terra é minha — Paixão Cortês
9- Prenda Minha — Folclore, com o Conjunto Farroupilha
10- Cancioneiro das Coxilhas — Irmãos Bertussi

Califórnia da Canção:
1- Pássaro perdido — Gilberto Carvalho/Marco Aurélio Vasconcelos
2-­ Negro da Gaita — Gilberto Carvalho e Airton Pimentel
3- Cordas de espinhos — Luiz Coronel/Marco Aurélio Vasconcellos
4- Desgarrados — SérgioNapp/Mário Barbará
5- Veterano — Antônio Augusto Ferreira/Everton dos Anjos Ferreira
6- Era uma vez — Barbará/Silva Rillo
7- Onde o cantor expõe as razões do seu canto — Napp/Barbará
8- Guri — João Batista Machado e Júlio Machado da Silva Neto
9- Retirantes — Napp/Barbará
10- Tertúlia — Leonardo
***
E fiquei ainda em dúvida por não citar Colorada (do Barbará) e Entrando no Bororé (Antônio Augusto Ferreira e Elton Saldanha).
Crônica de hoje no Pioneiro.