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terça-feira, fevereiro 26

Através da luz

Elis Regina está cantando pro Chico Anísio. “O sol caiu no mar, e aquela luz...”
Chico atrapalha por palhaçada e diz. “É luz? Pensei que fosse um vagalume sem casco!”
Ela não resiste e começa a rir. Foi num programa que Elis tinha na tevê no começo dos 70. E Chico estava em cartaz num teatro do Rio. Foram gravar então lá.
Elis pergunta: “Chico, o público não vem?”
Chico: “Hoje o meu público é você. E quando você sentar ali, o teatro vai estar lotado”.
Chico é genial! E, aí, ele começa o show para Elis.
Modestamente, eu vou falar de mim. Eu nasci no mais bonito e no mais festivo dia do ano. Eu nasci no “dia das mães”. Dia das mães é um dia que vem nove meses depois do dia dos pais
Elis se passa de rir e Chico continua desfiando sacadas inteligentes como essa por um tempão. Chico é bom mesmo. É o nosso maior humorista que, inacreditavelmente, continua nesta geladeira em que a Globo o confinou.
É a nossa “luz roubada”.
Luz roubada? Esta é do Iberê, o pintor. Foi uma grande sorte que tive conhecer Iberê. Era uma pessoa generosa e também a personalidade mais forte que já presenciei. Sua lição era: em arte, em política, em qualquer relação, cumpra o combinado. E outra: jamais cair no abismo da repetição.
Era perfeccionista. Em 1992, se não me engano, já em seu novo ateliê no Morro Nonoai, em Porto Alegre, não estava satisfeito com a luz. Não conseguia “enxergar” seus quadros. E resolveu abrir um espaço no teto do ateliê, concreto puro. Os caras foram lá e ele enlouqueceu com o resultado. Não era nada daquilo que fizeram. E Iberê esbravejava: “Agora sim, me roubaram a luz. Me roubaram a luz de Deus!
Esta eu vi. A luz de Deus roubada. Um navio no escurecer como um vagalume sem casco.
Lembrei destas coisas porque domingo fui visitar o túmulo de minha mãe. Falei de luz, pedi a sua luz. Por coincidência, não demorou, chegou no cemitério um senhor. Foi acender uma vela que deixou em túmulo nenhum. Deixou à margem das sepulturas, logo adiante do portão. Uma luz geral, uma vela, quem sabe, para todos lá.
Considerei uma resposta.

(Crônica para o jornal Pioneiro. A foto é de Liliane Giordano.)

terça-feira, fevereiro 19

Amy

A mulher já ingeriu até remédio pra cavalo, cheira, bebe coisas quentes, e agora recebeu uma injeção de ânimo que parecia ser um bom apoio. Papou o Grammy. Só que o marido da moça, que está preso, na cela mesmo entrou numa overdose de heroína seis dias depois. Pô, o cara não ajuda e a gente fica com essa sensação de perda vendo que ela vai continuar neste olho do furacão sem volta.
Sim, estou entrando no assunto mais escorregadio, controverso, terreno movediço que assusta aos jornalistas que tentam acompanhar os passos da moça. Estou falando de Amy Winehouse, a mulher que me fez acreditar de novo em música em nossos dias. Não é fácil me convencer, mas a primeira vez que ouvi a mulher pensei na hora: taí! E ela é mesmo indescritível. Tem um monte de comparações que fazem, postura, gestos, que é a nova Janis Joplin, blábláblá, mas a voz é que é extraordinária. Soul misturado com pop e compõe e escreve sobre contratempos recentes: drogas, clínicas de reabilitação que, aliás, ela renega (Britney Spears bem que também tenta, mas não tem talento).
Sim, eu gosto muito de Amy Winehouse, a melhor coisa que ouvi nos últimos 20 anos. Torço por ela como se torce por amigos próximos. Mas como disse, o assunto é difícil, vício, drogas, e isso sempre envolve mais compreensão do que julgamentos moralistas e ajuizados. Pediram a Mick Jagger, na semana do Grammy, que mandasse um recado. Ele foi ponderado, disse mais ou menos um “se cuida” e devolveu a decisão pra moça.
O negócio é que Amy Winehouse é disparada a melhor intérprete hoje, além de apresentar arranjos que se diz, isto é música, definitivamente distante deste bate-rebate tonto da eletrônica. Não faz muito, havia um bookmaker na internet com apostas do “dia em que Amy apaga”. Fãs não perdoam.
(Crônica para o jornal Pioneiro).

Dos políticos (na saída do Fidel)

A política é a pior das artes, a mais atacada, ultrajada e corrompida, mas não deixa de ser uma arte. É a arte da estratégia, da conversação, de estabelecer planos e descobrir sonhos não revelados. A política é um vício, um mal necessário, é a arte da diplomacia e da aturação dos chatos. Parece não haver literatura, quadro, música que supere esta arte ingrata que importa a todos. Brizola, Kennedy, Fidel, Getúlio, sabiam da política o manejo, a esgrima. Política é arte. Governar é apenas detalhe.

terça-feira, fevereiro 12

Natália e a Lei do Pepe

O Pedro Bial, num papo ao vivo com os integrantes do Big Brother, lembrou à Natália e Fernando que tem camisinha na despensa da casa. A gaúcha de Passo Fundo, principalmente, tem aproveitado para se expor e expor a intimidade de muitos dos seus colegas de confinamento. Ela bebe, dá demonstrações públicas de afeto e tudo o mais que não se havia dito ainda em televisão brasileira (por enquanto pelo PayPerView ou pela internet).
Interessante que a sugestão do Bial coincidiu com o encaminhamento à publicação pelo Diário da Câmara de um Projeto de Lei do deputado Pepe Vargas que cria o Código de Ética da programação televisiva. Minutos antes do Bial lembrar que tem camisinha disponível na despensa, na novela Duas Caras também aconteceu uma “homenagem” ao Jorge Amado, com a “reprise” de cenas de Dona Flor e Seus Dois Maridos.
É óbvio que nem de longe eu estou aqui insinuando a volta da censura ao fazer a ligação entre os dois episódios e a Lei do Pepe. Claro que não. Mas, cuidado! O projeto é sério e ele não pode cair no folclore do tapa-sexo perdido na Marquês de Sapucaí.
O projeto de Pepe tem por objetivo estabelecer regras para punir administrativamente tevês que ultrapassem os limites. Como seriam estas punições? Suspensão do programa infrator ou multa bem pesada para a tevê pecadora.
Os parágrafos que tratam do exercício da sexualidade e das cenas de nudez, especificamente o artigo 45 do projeto do Pepe, fala de situações “explícitas”. Mas isso é sempre relativo, pois o que fazer com as duas garotas nuas no carnaval de Salvador. O que a Band, por exemplo, tem a ver com a cena?
O código é importante, sim, porque vem regular a divulgação gratuita da violência nas tevês, a exposição da desgraça alheia, os juros embutidos nos intervalos da programação. A tevê é importante no Brasil. A tevê é importante até para a nossa solidão. Se a Capital da Cultura passa um mês sem oferecer uma única atração. Tevê em nós! Para a nossa falta de carnaval ou praia, tevê.
Se a eleição está empatada, a tevê decide. E a Lei do Pepe quer apenas regular minimamente esta decisão.