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Vitrola dos Ausentes
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Glaucha
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Iberê
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Valsa dos Aparados
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Missa para Kardec
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Quando cai a neve no Brasil
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Cozinha Gorda
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As luas que fisgam o peixe
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Coletâneas


Meia encarnada, dura de sangue
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Cem Menores Contos

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Contos Cruéis

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Contos do Novo Milênio

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sexta-feira, agosto 31

Colheita

Quem colhe de boca pra baixo ­— é o tocar do sino.
Quem colhe cadeira lá fora — desfalcou a mesa.
Quem colhe a hora cheia — encurta o seu tempo.
Quem colhe uns pedaços de sobra — já perdeu o resto.
Quem colhe em latim, sendo grego — é um homem lido.
Quem colhe tatu na garrafa — este está bebido.
Quem colhe fiapo aceso — é o que chamam sapo.
Quem colhe o que não se enxerga — é um cata vento.
Quem colhe com sacrifício — formiga em balaio.
Quem colhe imprevistos no cedo — enche o seu atraso.
Quem colhe um fato passado — já não tem notícia.
Quem colhe o total declínio — é o presidiário.
Quem colhe e preserva o gelo — a água quadrada.
Quem colhe o trincado do cálice — vai chupar no dedo.
Quem colhe a terrível ausência — semeou seus passos.
E quem colhe depois de morto... era muito vivo.
pr

Vitrolas (Essa é bem Vitrolão. Police)

Legenda zerada

Capa provisória do novo livro que sai em outubro

quinta-feira, agosto 30

Do site da Jornada de Literatura

Para abrir literariamente o debate, o representante do curso de Letras da UPF, professor Eládio Weschenfelder, buscou em Drummond os seguintes versos: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali”.
Com essa inspiração, juntaram-se a ele, o coordenador do debate, Luís Augusto Fischer e os autores Alfredo Aquino, Cláudia Tajes, Paulo Ribeiro e Sergio Capparelli. Fischer deixou claro mais uma vez a intenção do Encontro, de sistematizar debates entre escritores que tenham vínculos e relações peculiares com o Rio Grande do Sul e que até então só se expressavam pelas letras e livros...
Dois estreantes nas Jornadas literárias debateram idéias opostas durante o Encontro: Claudia Tajes e Paulo Ribeiro. Ela, redatora de propaganda, autora de cinco livros e roteirista de séries como Antonia (Rede Globo) e Mandrake (HBO). Ele, jornalista, doutor em literatura, professor universitário e autor de obras como Glaucha, Vitrola dos Ausentes, Iberê, Valsa dos Aparados, Missa para Kardec e Quando cai a neve no Brasil, entre outros.
Claudia deixou claro seu gosto por clássicos e revelou não ter tido estímulo para a invenção. “Fui criada em meio a um espaço formal. Sou muito classe média para inventar. Gosto dos clássicos, da linearidade, da mesma forma que aprecio as maluquices de alguns autores”, declarou a autora.
Contrário às opiniões de Claudia, o escritor Paulo Ribeiro proclamou o fim da literatura linear. “Se é para escrever com começo, meio e fim, tudo certinho, eu não escrevo. Temos que criar alguma alternativa. Não precisamos de outro Cambará ou de outra Ana Terra”, afirmou Ribeiro, citando Érico Veríssimo, que considera o gaúcho que melhor utilizou a linearidade em suas obras. Paulo também fez referência à influencia do leitor, que segundo ele deve ser inventivo para poder enfrentar o novo.

Para ler mais CLIQUE AQUI: http://jornadadeliteratura.upf.br/

A invenção da escrita

A conversa partiu do tema Literatura de Invenção, seguiu fiel à largada por um tempo e recriou-se ao longo do caminho, bem de acordo com a questão proposta para o debate. No segundo dia do Encontro Estadual de Escritores, Claudia Tajes, Paulo Ribeiro, Sérgio Capparelli e Alfredo Aquino falaram de suas preferências, impressões e discordâncias. Afinal, o que é uma escrita inventiva?
Claudia —que se prepara para lançar dois títulos até novembro, Você é um Fracasso, manual de autodestruição, em conjunto com o cartunista Iotti, e o romance Louca por Homem — deu como exemplo de criação Cavernas & Concubinas, do jornalista Cardoso, destacando a alternância de sílabas e palavras em letras maiúsculas e minúsculas no texto quase desconexo. Ribeiro, patrono da próxima Feira do Livro de Caxias, disse que mesmo na linearidade de Machado de Assis é possível apontar ousadias, como o defunto narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
— Porto Alegre não tem só o Cardoso, tem outro maluco. O Donaldo Schuler. Mais louco do que quem escreveu Finnegans Wake (de James Joyce) é quem traduziu — exemplificou o autor de Vitrola dos Ausentes.
Influências biográficas do autor na obra, tema quase indissociável de qualquer conversa com escritores, e a utilização de novos suportes para a literatura, como a Internet —com os cyber-romances e os blogs, entre outros formatos citados — foram dois outros temas que envolveram os palestrantes e a platéia.
Capparelli, recém-chegado de uma temporada de residência e trabalho na China, prepara o lançamento de uma revista eletrônica de poesia infantil (Tigre Albino) para o dia 15 de novembro, apenas um dos projetos inspirados na experiência oriental.
—Estou na encruzilhada de tentar escrever outros livros e tentar tirar a etiqueta de autor infantil — revelou o professor de jornalismo da UFRGS.

Zero Hora, de hoje, texto de Larissa Roso no Caderno Jornada Literária. (A foto é de Ricardo Freddo).

quarta-feira, agosto 29

A Jornada é Show


Passo Fundo foi muito bom. Minha primeira vez. Fiquei impressionado em ver 5 mil (eu escrevi, 5 mil) pessoas debaixo de uma lona de circo atentas ao papo de produtores de cultura e alguns escritores. Se prender a atenção de uma sala de aula com 25 alunos é um exercício interessante, pensem num meio estádio de ouvintes atentos. Nenhuma conversa paralela. É realmente um fenômeno e tudo em nome da Literatura.
O pessoal do Ppel, que organiza a nossa feira aqui de Caxias anda por lá prestigiando o evento.
A mesa Literatura de Invenção, desta eu participei, também foi muito boa. A Cláudia Tajes é uma figurinha. Ironiza o tempo inteiro, briga com seus próprios livros, esculhamba as coisas que fez. E não é pouco. Ela já vendeu mais de 30 mil exemplares do seu A Vida sexual da mulher feia.
O Sérgio Capparelli, além de sua vasta bagagem, estava inspirado. Foi certeiro nos contrapontos.
E o Alfredo Aquino foi um grato conhecimento, pessoa legal e seu livro de estréia, A Fenda, (que ele, artista plástico por natureza, arriscou agora em texto) entrou na lista pra ser lido.
Enfim, o Fischer com a sua peculiar generosidade, e o Eládio, um ex-colega do Mestrado da UFRGS, ajudaram a manter o pique de um debate-papo que rendeu muito em conteúdo, e , por que não, em diversão.
Nossa platéia saiu satisfeita. Interessa mais?
Ao meio-dia, vi umas mil crianças caminhando ao encontro de Ziraldo. E deu tempo ainda de participar do documentário que estão produzindo sobre a 12ª Jornada. E depois foi correr e pegar o pinga-pinga, o busão da UNESUL com paradas em vários pontos do mundo, todos eles entre Vila Maria e Marau.
Só valeu!!!

segunda-feira, agosto 27

A nova língua pra rir

Pé de moleque sem traços, vem aí a Reforma Ortográfica no Brasil e Portugal. E vem nos amolentar com as suas paroxítonas sem acento nem nexo, deixar o trema em complexo com o seu desaparecimento.
Vão mexer na língua? Ouviram quem? É de rir não fosse “a reforma” da maneira da gente escrever.
Xô, fora, isso que vão nos impor!
Quem são os autorizados? Acaso leram o Álvaro de Campos? Os irmãos Campos, Augusto e Haroldo, o Décio e o escambau? Querem mexer na língua escrevam um Manifesto, façam poesia concreta, vão mexer lá no Eça de Queirós!!!
Alunos, professores, escritores, cartórios, uni-vos!
Vem aí o Português Unificado. Quaquá, idéia sem acento. E agora crônica bem comportada, a crônica serviço que perderá a validez?!?
É de rir. Nem lancei ainda o meu novo livro e ele já tá fora da lei. Fora das novas normas, fora de forma antes de nascer.
Abaixo os reformadores da língua, rezam pela mão de quem?
Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, amém!
Quem decretou? Quem perguntou se queremos?
Eu sou um autor ultrapassado e me sinto culpado até por escrever. Fora de tom e de moda, vão mexer na língua aí.
O que o Vaticano acha? Vão mexer na grafia das rezas, quaquá, vão querer tirar o H do Humor??
É de rir. Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia". O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia. Qua e quaquaquá!!!
Vai ficar diferente de orar, irmã Aurete!
E agora? E a minha oração? Vão mexer também no sujeito, no verbo, nos seus complementos, ou eu já me contento com a mudança nas normas do hífen?
Unificação da língua. Blábláblá. Escreva aí em Português de Portugal. Blablabla. Dá no mesmo.
É demasiado. O que termina em “o” duplo não leva mais acento. Escreva “VOO”, “ENJOO”... alô Pioneiro, não me corrija, pelas novas regras eu estou certo.
Quer dizer, agora é errado. Não é de rir?

Crônica de quarta no Pioneiro.

Vitrolas (Ave Maria)

domingo, agosto 26

Crônica do Menino Jesus roubado

Como não há humor na reza, eu preferia na minha igreja lembrar do cavalo que entrou na missa.
Eu ia aos domingos na igreja e lá vinha mentalmente o Brasil. O cavalo se chamava Brasil e era do próprio padre. Era do tempo do latim e, se dizia, o Brasil entendia as falas da missa.
Num Sete de Setembro, homenagem à Pátria, o padre caprichou no chamado.
O Brasil isso. O Brasil mais aquilo. Ah, o cavalo não teve dúvida. Era com ele o papo.
Entrou nave adentro. Vinha atender ao seu dono.
Aquele cavalo, da cor da gemada, era uma recorrência para quem não via nada de graça nas rezas.
Pelo sim, pelo não, bem mais tarde aconteceu outra na nossa igreja. Véspera de um Natal, uma menina, ali pelos seus 8 anos, cismou de levar o Menino Jesus para casa.
E saiu porta afora com o Cristinho nos braços e deu um que deu para que devolvesse o Jesus Infante.
A estatuazinha gessada ainda repousa lá no altar à direita. E, o Cristinho roubado, pelo que contam, acabou dando nome à menina ainda não batizada.
Chamariam Jesusa Cristina depois à criança.
Como na reza não há humor, parece que na minha terra tratavam de ajudar um pouco aos padres.
Então, não? E o cachorro?!
Havia esta outra de um cachorro que acompanhava o seu dono nas missas e se colocava bem lá na frente da nave. Ressonava em frente ao altar. Um cachorro meditativo que ouvia os preceitos e os hinos e, diziam, se lambia na hora da hóstia.
Pode haver um certo folclore por trás desses episódios, os três verdadeiros, mas o fato é que eles davam um certo tempero à falta de humor de nossas missas.
Humor, aliás, que a minha terra traz grudado em seu próprio nome, com todo o respeito.
Minha cidade é um redundância.
Bom Jesus!
Haveria um mau Jesus, por acaso?

Jornada Literária de Passo Fundo

Encontro Estadual de Escritores: a criação literária gaúcha em debate
Local: Auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - Campus I – UPF
Período: de 28 a 31 de agosto
Horário: das 8h30min às 11h30min
Coordenação: Luís Augusto Fischer
29/08/07
Literatura de invenção
Alfredo Aquino
Cláudia Tajes
Paulo Ribeiro
Sergio Capparelli

sexta-feira, agosto 24

O perigo do blog

Cantiga bem phoda é a minha promessa.
Eu afino gravura e mais três poemas.
Um dia de folga, um silêncio com o dedo.
Gracejar com a vizinha a girar os cabelos.
Rezar que não chova, ver um álbum de grávida.
Rezar todo o terço e comprar bebida.
Empinar papagaios, passar pelo banco.
Um abraço à gerente!, dou um jeito na vida.
Encontrar a receita, ver a cárie dos dentes.
Ver exemplo de um barco e quebrar uma esquina.
Lavar um chinelo, lavrar um contrato.
Passar na igreja e me fazer de discreto.
O preto-no-branco na fotografia.
Amar, pelo menos, Nova Iorque ou Caxias.
Editar entrevista, uma balança em figura.
Cortar os cabelos, linkar no Youtube.
Sair pro almoço no MSN.
Um prelúdio, uma faca, a tesoura pras notas.
Picotar uma idéia e emendar pensamentos.
Comprar um CD e mandar pra formanda.
Ligar para o Bonja, que me pintem o túmulo.
Lembrar se tem gás e o vazamento na pia.
E de novo a vizinha a girar os cabelos.
Comprar um Gelol para o meu tornozelo.
Fazer a viagem, um casaco apertado.
Achar a origem do tampão para ouvido.
Acender uma vela, pagar o prejuízo.
Torcer para um time em franco declínio.
Opinar sobre o pâncreas, me fazer distraído.
Apagar a garoa e as rugas da testa.
Deixar assim mesmo, represar condolências.
Recortar um jornal pra restar esquecido.
Pesquisar regador, o trajeto e a formiga.
Roubar geladeira e esperar pela briga.
Inventar um Programa, me dar bem na Internet.
Fazer um moleque e controlar mamadeira.
Construir inventário, destampar a panela.
Xeretar, ser sincero, um batismo de bicho.
Uma hora acabada me deixa mais velho?
Encontrar uma fórmula com a casca do ovo.
Um fruta na mesa e tombar um balaio.
Arranjar uma farsa e afiar o serrote.
Uma faca e uma pua, apreender viatura.
Fazer elogio à corrida de gatos.
Sair no Fantástico e estudar Geometria.
De nada, que é isso, vê se nem agradece!
Acender uma vela e confissão ao destino.
Sair em corrida, passear um cachorro.
Vibrar com a neve e o uso de gorros.
Um poema pra febre e uma cara de pôquer.
Criar um cinema, um teatro, uma intriga.
Fazer uma dança que ensine socorro.
Fazer uns contornos no termo Saudade.
Tomar chimarrão e pagar uma fábula.
Um hino aos dementes, uma hélice torta.
Achar a Gramática da Fala dos Malas.
Torrar a paciência e encher o saco.
Exigir continência das folhas caídas.
Refrar uma estrofe, quebrar o perfume.
Enforcar uma orquestra por carência de cordas.
Construir um cenário e sair bem de fino.
Quem entra no blog já sabe o perigo.

Vitrolas (Jacques Brel)

quarta-feira, agosto 22

Autobiografia sampleada

Meu livro demonstrativo, começa com Dona Odila. Dona Odila ficou cega, com ela aprendi na batida.
Dona Odila abria lã, escrevo como desfio: o verbo, excertos, um excesso, escrevo por Tosse-Comprida.
Tenho um fôlego de andar no mar, aprendi no chão, pela vida. Meu ritmo é do Teixeirinha, a prosa, a dos comungantes.
Escrevo por diversão, é a minha liturgia, descrevo o meu Sétimo Dia, as listras da minha camisa.
Escrevo depois de morto, meu silêncio é pantomima. Eu personifico os descalços, conheço o processo dos nobres. Eu me achava, verdade!, a cara do Peter Otoole.
Meus avós, que eram poéticos, vieram lá de Laguna! Era o sal, era o abacate, na bagagem muita amostra.
Compravam o BomBril, odiavam o troféu, me ensinaram por isso paródias.
O Salmo dos Pugilistas, avental protege caldeira. Botaram minha mãe numa pia, no ornato da vassoura. Fizesse sua obra-prima, aquilo pra ela um teatro.
(No repouso do teu número, mãe, meu coração ouviu tua missa!)
E eu, com meus sentimentos, fui Acácio, fui polígrafo. Da cega me fiz amigo, o pensamento mais torto. Fui propósito de madrinha, a tal de Jalila Amara.
Doceira, ouvi seu protesto, dos solteiros ouvi suas queixas. O que escrevi vi na rua, na rubrica assinava gêmeos.
Como um Touro e Leão, elenco aqui na seqüência. Saudações, minha alma canta, anda, divaga, anjo, praga.
Fui sistemático, rabisquei adjetivo, na falta, juízo completo. Baladas, me apaixonava, eu fui fácil, fui teatro. Um Teatro dos Sírios, bastava me olhassem o rosto.
Eu era um árabe, gostava de nata, já usei a roupa engomada. Mas gravata, eu não usava, eu era um simples como a verdade.
Casei, descasei, a minha dedicatória à tesoura. Piquei, fiz elogio, eu freqüentava velório. Um trecho de barba alisava, eu era meditativo. Juvenal e Juvenil. Ora alegre, ora triste. Por drink eu cevava um licor, confissão foi teu beijo, amada!
Eu lembro: O Ato do Círculo, O Enigma do Ventre, meu pai foi caminhoneiro. Por isso elogio aos farristas, minha crítica aos fatigados. Eu trabalhei em construção, engraxate, eu vi a morte. A morte de um beija-flor, a morte da mãe em meus braços.
Eu fiz o epigrama do alho, eu fui o esquema BARAB, escrevi pra confundir.
Escrevi em vida, um morto, fui exemplo, fábula breve. E à minha estrofe, saúde!, sou a Farsa, a Greve dos Sonhos.
Não fique procurando estes livros. Não procures, não encontras. São livros imaginários, o meu testemunho de guarda. Escrevo, sou fugitivo, um ladrão de caretas e almas.
Se morri, se foi minha a prosa, a técnica eu trouxe junto. E me resta explicar labaredas, que o Céu não temi, fui decerto!
Escrevi galhofa, eu nunca levei nada a sério. A Fórmula da Máscara, a expressão mais correta, alguns dos textos, uma merda.
Fui eu sendo outros. Fui engenho, geometria, eu fui uma porção de coisas: casas, Bom Jesus, até Iberê Camargo!
Não fui sutil, fiz gracejos, só nasci, me deram a gramática. Que fizesse o outro rir, a missa do dramaturgo. E ah, o meu Hino aos Coveiros!, era eu saindo dos qüeros. Com humor, com Tercila, a sombria, a minha vizinha, a Papuda. Esta imitava a geléia, o ponto que venta o vento.
Um relato, fui Jada e Gaspar, teve dias, fui espírita. Eu li, reli, comentei, comecei ouvindo Bertussi. Fui garçom, ajudante de obras, eu gostei de Aclaé Silveira.
Tabuleiros, Xadrez, gravuras? Desenhava um sino bem fácil.
Da Tuca Velha aprendi oração, meu discurso Antônio Sadio. Seu Antônio falava apressado, com ele peguei esse ritmo: a estrutura da frase, “estrutura pra casar!, quando havia.
Prelúdio das Parteiras. Carta aos Bibílios, o meu canto de sopa um soneto. Um Soneto de Tranças que te fez me namorar.
Terezinha. A da Serenata serena. Eu namorava então com ela, A Marcha Descalça em Setembro.
Homenagem ao Agricultor, eu vi o espocar do vime. Alvoradas de Amor, gemidos na cama ao lado. Não esqueci, o colégio, os improvisos de Cila. A figura de um barril, faça um resumo muito rápido.
No resumo dos meus olhos, lágrimas. O Ás do baralho, O Carvão e o Diamante. Alegoria, Álbum, fotos, Poetas:
A Nota aos Teus Olhos fui eu quem fiz!
Fui eu. A lenda em neon do Pastoreio.
Fui moderno, Honra aos Mascates!, esta foi minha divisa.
E se fosse escrever ainda, eu só escreveria ensaio.
Confissão por serviço. Existe melhor castigo?
Estão vendo, eu tinha fôlego, narrativa batida e morena. Sobrancelha, pouca virtudes, não é que eu torcia pro Grêmio!
Eu tive a visão da neblina, Militar fui Reservista.
----------------------------------------------------------------->Sá. Sá-Sá. Satira-sá.
Sa-sá. Sátiri-sá. Sásá.
Sa-ti- rarara!!!
Escrevo como desfio,
verbo, verbo, verbo,
uns meus excertos,
um excesso de começo
Tosse-Si, si. Tosse-Comprida
(Tenho um fôlego de mar!!!)

Mar. Mar. Mar.
Mar, mar e mar...
aprendi no limpa chão!!!
­­­­­­­­­­­­­­­­---------------------------------------------------------->
Te. Tê-tê, Teixeirinhá,
minha prosa é bem sampleada,
escrevo por diversão.
Ão, ão, ão, meu limpa chão.
É a minha liturgia
Funk, letra.
Sétimo Dia
(Nestas páginas que morri.)
Ri. Ri. Ri. É pantomima.
Eu pé pé pé, de pés descalços
conheço o processo nobre
Peter Otoole-lelê!!!
Tô me achando!
Eu meu achava!
Meus avós, viva Laguna!
Tô no prólogo do fim.
Bom-bom-bom...
vendi BomBril
Bom. Bom-bom. Bom-rebom
Faço Salmo, Pugilista,
Eu faço a prova do sal.
Pa. Pa-pa. Paródia. Pá. Pápá.
Minha mãe, sua vassoura,
Passa pra dentro piá!
Pá. Pápá. O meu piá. Pápá.
Passa teu número
Minha missa é funk Acácio
O meu sampler aqui do Sul.
Já-já-já. Jalila Já!
Jájá
Jalila, já!
O que eu, eu vi na rua
Sou de Touro ou Leão?Já-já,já. Juízo já ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­-------------------------------------------------------------->

terça-feira, agosto 21

O que escrevo II

O que eu escrevo?
Escrevo Um Prelúdio Pra Surdos. Processo dos Dentes Cariados. A flauta do Boliviano. Honra ao Pai, ao Espírito e o Banco!
Crítica, cinema, formigas. Homenagem à paixão fracassada. Escrevo com som no silêncio, Inseticida Pra Botar No Carro.
Com sopro construo horizontes, A Geometria das Vozes. Sou phoda, não pago bobeira, escrevo aritmético.
Metáfora, casebres, Gramática. Um céu na boca do sino. Escrevo o Ivo e a Uva, Motivos da Queda do Corvo.
Escrevo fazendo curvas, sou bruxo, sou uma orquestra: cláusula, inciso, alicate, sou Greve dos Instrumentos.
Dos imundos sou a poética. Linguarudos!, sou teu sarro.
Eu personifico jumentos, faço isso, sou lacaio.
Um prólogo, um prefácio, uma cuia. Escrevo em dinheiro e não rasgo.

Vitrolas (Moon River)

segunda-feira, agosto 20

O que eu escrevo

O que eu escrevo? Cantiga de letra fácil. O Perdão do Herói às Crianças. Gravura de Amor Sincero.
Escrevo Oração Pra Pescoço, o toque de sino sem corda. Desenhos do Figurino, figura de uma girafa. A estrutura do solo. Ensaio para Garrafa. O Prelúdio dos Surdos. Carta a São Paulo, ao Corinthians.
A rapsódia de pássaros. Um Canto pra Prima Distante. Escrevo tocando flauta, Sonata pros Teus Cabelos.
A Marcha do Campo e Favela. O Espocar de Foguetes. Passeio do teu cachorro. Uma Alvorada Festiva.
Escrevo, improviso de cordas, o canto das carucacas, Figuras de Sons Comentadas, tropel de cavalos, uma rosa. Um Álbum de Figurinhas, um revoar de helicóptero.
Uma Nota aos Falecidos. A Cifra de Combustível. Paisagem do Mar Tendo Barco. Um Auto de Fé Bonjesuense. A Confissão do Besouro, Um Ato de Suicida. A Construção do Horizonte, o meu elogio para as couves.
Epigramas, Pensamentos. Escrevo esquema de Horóscopo. Uma fábula, uma estrofe, Testemunho de Uma Laranja. A Farsa do Impedimento, escrevo por Blues sendo Rock.
A Explicação dessas Sombras. Os Jogadores de Pôquer. O Doce Gracejo das Grávidas. Um Hino Sem Nota aos Malucos.
O Formato das Jarras. Escrevo O Humor do Feirante. A Prova dos Nove e excertos, Um Índice Pra Noivos Tolos. O Jogo de Amarelinha. A Causa do Nado dos Patos.
A Liturgia Cristina. Escrevo pra alfaiates. Os Fundamentos dos Sonhos, matéria que há no espírito. O Livro Vermelho aos Defuntos, a sátira que fiz aos morcegos. A Psicologia das Aves, poética e alegoria. A Pantomima dos Dentes. A Prova Que Existem Ribeiros.
O Salmo dos Torcedores. A Paródia da Marionete. O Texto dos Interditos. Escrevo enchendo polígrafo. Sou Página de Telefones. Rubrica de Um Homem Paciente.
Escrevo por instrumentos, O Sentimento Político. O Tópico da Aula Adiada. A Sinfonia dos Grilos. A Minha Oração Para A Chuva, uns versos bem libertinos.
Escrevo por graça alcançada. Balada pra pomba indefesa. Propósitos de Jesus Cristo. O Triste Fim de Uma Crônica.

Texto da próxima quarta no Pioneiro.

O novo livro

Capa provisória

sábado, agosto 18

Vitrolas (Laura)

Pequeno estudo para anestesiar barco em lago

Diga afinal mesmo que história é esta de Literatura de Invenção??
Literatura de Invenção!
Tem alguma que não é?
Já sinto ali do meu lado o Juremir Machado da Silva se aprontando e (se eu falar antes) vou me precaver. “Nem sobre enredo nem sobre processos verbais se profira sentença de experimentalismo gratuito. Joyce avança com expressividade reiventada. Invenções só falam a receptores inventivos” (dixit, Donaldo Schuler na Introdução do quase ilegível Finnegans Wake que ele “releu” traduzindo).
Fechado o parêntesis. É mais ou menos isso: (Re)invenção, que falarei na Jornada Literária de Passo Fundo. Inventar em cima da invenção. Além da originalidade do enredo, da força da imaginação, as formas e os suportes devem estar à mão do sujeito. E seja que diabos seja, cinema, teatro, música, dança, fotografia ou ilustração, tudo isto bem conjugado com a palavra dá uma cria melhor.
Reinvenção com receptores inventivos.
É sobre isso o meu sábado inteiro. E, lá pela madrugada, deve surgir um título melhor do que este meu Pequeno Estudo Para Anestesiar Barco em Lago pra puxar o assunto.

sexta-feira, agosto 17

Quando o céu se desenha

Quando o céu se desenha trêmulo, incerto, imprevisto, não entendemos este céu que nos cabe furioso na desproteção.
Quando o céu se desenha e sofrem as mães colocando seus rosários contra o peito e com seus longos terços pedem notícias, tão-só.
Quando o céu se desenha há sempre alguém partindo.
E o céu se desenha como um incerto desafio.
Como cópia de uma gravidez o céu se desenha.
O velho céu de nossos pais parece outro.
Rio que subiu, mármore suspenso, este céu hoje furioso se desenha atrapalhado, se desenha derramando nas cabeceiras mortais.
Quando o céu se desenha beijamos o santinho no peito.
Quando o céu se desenha se choram lágrimas a pensar um filho!
Quando o céu se desenha no anoitecer a Pátria é triste!
Quando o céu se desenha pelos filhos e por esta muda consolação que tiramos da surpresa, é um céu que se desenha pelas suas Meninas do Céu.
Quando o céu se desenha na Pátria há um temor e um afagar de cabelos.
Quando o céu se desenha há um perfume de afeto nas mães, nas lavouras sobrevoadas, num aceno de cada mão.
Quando o céu se desenha num adeus entristecido.
Quando o céu se desenha gritam esses roucos parentes das vítimas.
Quando o céu se desenha na busca e há um nome que demoravam a listar.
Quando o céu se desenha na transmissão de tudo e no peito em jejum.
Quando o céu se desenha um medo que antes não havia nos ocupa.
Fica um escapulário estendido.

pr

Meu basquete

Um minuto pro basquete, um minuto pra dormir. Um minuto!, pára a bola!, e a bola fica a girar. Fazendo um milhão de passagens, estoque de sombras no chão.
Um minuto pro basquete, pro trabalho, pra dormir. Um minuto!, parem as cordas!, e o mundo está sem canção. E a brasa sendo o mar, as mãos em reza e o nariz.
Um minuto pro basquete, minha blague sem humor. É Olinda vir caindo, é um padre em confissão.
Um minuto em meu basquete, fico eu agora a girar. Trocando um milhão de palavras, imagens que escampam da mão.
Um minuto!, pare a insônia!, um minuto pra dormir. Pra botar a noite em dia, escutar se Deus tossiu!
Um minuto passa prosa, descontado, obedeci!!!
pr

quinta-feira, agosto 16

Relato da reunião dos escritores

A reunião dos escritores ontem foi muito produtiva, com uma boa presença de colegas, pessoas criativas e bacanas que apareceram!
Foram encaminhadas:
1 – Sugestões concretas para a nossa participação no Encontro Gaúcho de Escritores, na Feira do Livro, dias 6 e 7 de outubro.
2 - A possibilidade de uma mesa de debates sobre Literatura Feita em Caxias Hoje, durante o Encontro.
3- A exposição de obras publicadas pelos autores locais durante a feira.
4- Foi solicitado o estudo de um local específico para servir como referência dos escritores de Caxias durante o evento.
São os primeiros passos de uma atuação unida dos escritores daqui.
Senti neste primeiro encontro o embrião de algo interessante (uma associação, um clube, enfim...), que podemos amadurecer em outras reuniões e mesmo na convivência durante a feira.

terça-feira, agosto 14

Rosa!

Uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa!*
Por "coincidências" da Literatura Brasileira, os três últimos livros que li (reli) trazem como protagonista uma Rosa.
Rosa, no Púcaro Búlgaro!, Campos de Carvalho
Rosa no Zero, do Loyola Brandão!
Rosana, no Trapo, do Cristovao Tezza!
Eita!!!
*Poema de Gertrude Stein, a mulher que impulsionou carreiras de gente como Hemingway e Picasso.

Sugestão da casa

A história de uma repórter de TV, que após presenciar uma cena de violência extrema, entra em uma vertigem alucinatória, vendo o mundo ao seu redor como se o desconhecesse. Um Rio de Janeiro virado pelo avesso é o cenário do romance, escrito em linguagem que vai do lírico ao cruel.

segunda-feira, agosto 13

Bonjalândia exortada

Por bonjesuência caridade, com pai descido, a gralharia literária que vocalixo diz-de-mim. De meu Zémelhante, do Dez em prego na Cruz ilhada de CaixAzul. E verde era o sono. Amarrou o Céu!

Versão (james-joyciana) para o texto 4 pôstes abaixo.

Reunião dos escritores

Nesta quarta, reunião dos escritores de Caxias para combinar a recepção aos colegas da AGE, Associação Gaúcha de Escritores, que estarão aqui em nossa feira do livro, a partir de 5 de outubro. O encontro também servirá para ouvir sugestões relativas à feira. E a pauta ainda estará aberta para outros assuntos.
Convido a todos os escritores e produtores de cultura que trabalham com a palavra para a reunião.
Local: Casa de Cultura, Teatro Pedro Parenti, às 19h. Quarta, 15 de agosto.

domingo, agosto 12

O barril-da-surpresa para o filho que não tive

Acrobata é o barril
Faz balé quando roda
E o palhaço chorou
No impulso da mola

E a gravura rolou
Rio sozinho, uma lágrima
Rola, rola o barril
Bem cheinho de nada

sábado, agosto 11

Pequeno estudo para a anestesia das sirenes

sexta-feira, agosto 10

A lixeira dos ausentes

Há dois sábados, estive no programa Memória, da rádio Caxias, falando um pouco do que já escrevi. Contei sobre Vitrola. Que o livro é sobre a falta de horizontes, sobre o vazio que ficou por lá depois que se desmatou toda a riqueza natural.
Na São José dos Ausentes real e ficcional acabaram as serrarias. A saída era partir. A vitrola do título, portanto, é um dos utensílios da mudança de uma daquelas famílias no imenso êxodo depois do pinheiro. Por isso, é a vitrola da ausência, da saudade, a vitrola dos que ficaram e da falta de perspectiva. É esta a trilha, em voz, que roda no meu disco. Cada faixa do vinil roda a fala de um ausente e assim o livro se faz.
Nos anos 70, em pleno Milagre Econômico, buscaram os grandes centros. E já no final dessa década, exaurida a madeira, se introduziu por lá a maçã, na carona do que Palombini começara em Vacaria. E, de fato, hoje, é um dos poucos “horizontes” nos arredores de Bom Jesus: a colheita da maçã. Quatro ou cinco meses de ocupação.
Na quinta-feira, pra minha tristeza, vi esta falta de perspectiva estampada na prática e na capa do jornal. Um jovem conterrâneo meu, com toda esta baixa temperatura, fez de sua casa um dos contêineres da nova coleta de lixo da cidade.
A lixeira serviu de abrigo a este meu irmão, um jovem de 19 anos, que conta na reportagem que “cansou” de pomar e veio pra “cidade grande” em busca de emprego.
O “flagrante” dele acordando no seio da lixeira é triste. Meu dia se foi desde que vi a capa do jornal. E lembrei de novo do Memória da Caxias. Eu falei lá que Vitrola, mais do que um livro, é um projeto. E uma visão de mundo. É uma denúncia do ócio que se abateu em Bom Jesus (no livro, São José).
Valsa dos Aparados, um meu outro texto, igualmente, em forma de prosa denuncia: o que se apara, não tem perna. O que se apara, nem dançar dança mais.
O pinheiro e as pernas e os braços do trabalho que lá foram ceifados, foram aparados em sua raiz. E quem perde a raiz, desgarra. E o horizonte, para alguns, é o ventre da lixeira.

quarta-feira, agosto 8

Nascente

terça-feira, agosto 7

Estudo pra virar vento









segunda-feira, agosto 6

Uma crônica da palavra

—Do que trata o seu novo livro?
—Trata das palavras e suas semelhanças. Palavras como a semente e o seu instante de gravidez.
Bicho-de-pé, trata das palavras virgens, ainda não pronunciadas, das palavras em desuso, das palavras caducas, trata do amor e da paixão.
O ódio.
Trata da palavra saudade de forma geral.
O novo livro trata das palavras, les mots, de paroles e carnavais. Por alegoria, faz seu um poema. Um poema extenso e sujo, sortido em sua intenção.
Palavrear!
Ilustra a insensatez das minhas gravuras cada palavra em embrião.
Palavra dos gestos, palavra das moças, a palavra em suas formas de sedução.
Palavra do se retratar, desculpe!, foi engano!, há palavras personagens como a Lua, o peixe e o Nome do Pai.
A palavra mais forte é ausência se o teu pai fugiu.
Do que trata o seu novo livro?
Trata das palavras. A palavra, desenho na palma, em flor roxa no peito, a palavra em silêncio pra quem não sabe rezar.
Palavra é uma esperança. Palavra é um grão de feijão.
Palavra não é fonema, nem rosa, é observar de lambreta as coisas marginais.
O novo livro trata da palavra carinho, de um ninho, trata também de afeições. De faces sofridas, de rostos polidos, a palavra como uma paisagem do papel.
Mãe!
A palavra desenha e assopra. A palavra venta nas roupas dos varais.
Do que trata o novo livro não é do bicho, do cão, do marreco, a cobra sucuri. Trata da palavra de gente, e gente com suas carências, seus préstimos, dos piores defeitos que trazemos em nós.
A palavra esborrachar. A palavra absurdo parece ser.
A palavra a se dividir, a palavra a multiplicar. A bigorna e uma gota de sangue formam uma bela canção.
O amém é palavra. Uma ponte, palavra pro rio.
A palavra, como a imagem, por vezes sugere mais do que é. E a mentira com a palavra é fazer ficção.

domingo, agosto 5

O novo livro

—Do que trata o seu novo livro?
—Trata das palavras. E das imagens que elas merecem.

sábado, agosto 4

Paroles paroles


— Do que trata o seu novo livro?

— Trata das palavras. E espero que bem!

CLICA AQUI:http://www.youtube.com/watch?v=ZkJ6lLvMXZw

sexta-feira, agosto 3

Esperança

Na manhã da última quarta-feira, cumprindo com o meu papel de estagiária da Assessoria de Imprensa, acompanhei uma solenidade de inauguração. Um Centro Educativo, localizado no loteamento Aeroporto, ganhou uma nova cozinha e um novo refeitório.
Parece singelo aos olhos de grande parte da população. Não foi uma grande obra, com grandes gastos. Não foi uma solução definitiva para a violência e a pobreza que assolam tantas crianças em situação de risco. Mas foi um aprendizado único, a prova concreta de que o verdadeiro sentido da vida não está em eventos de prestígio e badalação.
A ampliação desse local, quase desconhecido pela maioria das pessoas que residem em Caxias, foi um importante motivo de felicidade para os que necessitam do Centro Educativo. Vi aquelas crianças e adolescentes, vestidas de palhaço, apresentando o melhor de si para o melhor público do mundo.
Digo o melhor público, porque ali, prestigiando aquele momento, estavam seus pais, avós, tios, irmãos, enfim, aqueles que mais os amam. Por um momento, os palhaços fizeram rir, impressionaram e impactaram.
A realidade desses pequenos em nada se compara com a dos grandes artistas do Circo de Soleil. Mas a emoção, a gratidão e até um pouco de ansiedade tornaram o espetáculo único.
Se alguns subestimam esse projeto, posso dizer que dentre as duas horas de cerimônia de inauguração, cinco segundos ficarão marcados para sempre em minha mente e em meu coração.
Enquanto confirmava alguns dados para a minha matéria, um dos meninos, calculo que tenha de sete a oito anos, me ofereceu um abraço. Um abraço tão sincero que me emocionou. Sinto que ganhei o que talvez nunca tenha recebido nem dos meus melhores amigos. Uma verdadeira demonstração de carinho, de alguém que nunca havia visto.
E essa é a prova maior de que o sentido da vida não está em grandes realizações. Está em Deus, no amor e na capacidade de ajudar o próximo, sem a intenção de receber algo em troca. Esperança. Aliás, esse era o nome do Centro Educativo.

Este texto é de Gabriela Alcantara da Silva, nossa aluna do Jornalismo da UCS, compartilhando uma experiência de seu trabalho.

quinta-feira, agosto 2

A chuva faz preço

A chuva
em meu rosto como uma lágrima
a se lavar de rir
Na chuva

com uma história quebrada
a ouvir Stand by me

CLICA: http://www.youtube.com/watch?v=O4_ghOG9JQM

Olhai os lírios do brejo

Meu tio Sebastião tinha um colete quadriculado e gostava de arregaçar as mangas e jogar bocha nos domingos à tarde.
Trabalhava para os Ioschpe e sua casa tinha uma lavoura cercada de achas atoradas do próprio pinheiro que era o negócio dele. Atorar e descascar e fazer achas e colocar nos estaleiros a boa madeira que não trouxesse nós.
Era um bom cara o meu Tio Sebastião. Tinha um filho, José, e minha tia era gêmea.
Aos domingos jogavam na cancha improvisada até quando entardecia e a tristeza tomava conta dos pinheirais e por tudo.
Jogo por grana entristece também.
Meu tio Sebastião me lembrava os gibis porque ele subia alto e ele calculava a espessura do pinheiro como se abraça um filho, o filho dele José.
Certa vez, meu tio crucificou-se, mesmo. Circulou com as pontas da roupa o corpo e tronco usando também os pés. A blusa então cedia e o meu tio seguia, seguro, às bufaradas, cada vez mais no pinheiro como eu vi.
Resvalava e subia. Resvalava e parava e tomava o fôlego e não olhava nunca.
O pinheiro tinha o cerne vermelho, seivoso, a casca fria na superfície como são os pais ausentes. Eu não tinha pai e o meu pai ficava mesmo sendo o tio Sebastião que olhava do pinheiro o horizonte e o brejo e os guris que fizeram a torcida.
pr

quarta-feira, agosto 1

Cartuns da vida

O Luís Augusto Fischer me contou esta, e a pessoa que contou pra ele jura que é verdade. A caminho da UFRGS, Campus da Agronomia, em Porto Alegre, teria avistado esta plaqueta feita agora cartum.