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terça-feira, julho 31

O morro das latas d'água

Que coração, o da Dona Odila! Do poço da Dona Odila todos os da nossa rua tiravam água. Latões de querosene, com arquinhos de arame com pegador de pau, eram os baldes de todos. E a gente buscava água, velhos, adultos, meninos e meninas com seus corpos de mulher. E nada, nada existia nelas, meninas puxadoras de lata, que nós não amássemos. Éramos metade sem elas, nossos amores, nosso bens, “espécie de veneno”, como dizia a atrevida letra do Reginaldo Rossi.
Pecados, pecados nossos redimidos pelo Roberto Carlos com o seu “Jesus Cristo, Jesus Cristo, eu estou aqui...” E, de fato, a gente ali: a gente erguendo as latas. Garrinchinhas de pernas trançadas na subida do morro com a água escorrendo pelo garrão. ”Cadê você, cadê você, você passou. O que era doce e o que não era se acabou...” A bela voz do Moacir Franco e os Garrinchinhas carregando a água pra higiene e alimentação.
E a lata com a água jangaleava na subidinha da lomba, jangaleava bastante. Aquilo pesava e a água rebatia de um lado pro outro. Respingava nas pernas, deixava lisa a chinela de dedos, ficava que era só lama o carreirinho do poço. “Velho , meu querido velho!”, cantava o Altemar pra Dona Odila.
Lama e felicidade. Assim se levava a vida no morro das latas d’água. E nascia e morria gente na nossa rua; e se fazia folia e se varava a noite e se cruzava os dias na puxação da água do poço. E a Caixa D’Água das Freiras, decerto com o seu locomóvel jogado em depósito, pra sempre desativada.
Que coração, o da Dona Odila! Mas, o seu coração, as suas vistas, a sua água acabou. Dona Odila, os seus olhos! Dona Odila morreu cega.

Trecho de crônica de Quando cai a neve no Brasil.

segunda-feira, julho 30

A turma da invenção

Ando às voltas como o tema Literatura de Invenção para o meu primeiro papo na Jornada de Passo Fundo. E ando catando coisas, relendo e me organizando na medida que a proposta comporta.
Machado botou um morto a narrar sua vida e isto é uma baita invenção. E no Finnegans Wake, o livro que é um sonho inteiro, o doido do J. Joyce foi tão fundo que inventou a voz do trovão. Um rronnnkonnbronntonnerronntuon de preencher duas linhas ou mais. Mas, a novela mais esquisita é Pedro Páramo, que faz de uma cidadezinha o maior labirinto que topei.
Seu Zérubem Fonseca, em Lúcia McCartney, tem uma segunda novela embutida na primeira, inteirinha nos rodapés, hehe. O tema é bom, vocês estão vendo. Já leram A Vida Modo de Usar, de um certo Georges Perec? O enredo? Bem, se trata da história de um pintor que passa o serrote em todas as suas telas e espalha os pedaços pelo mundo e depois gasta o resto da vida a recriar. Uma reconstrução dos quadros à moda destes quebra-cabeças aí.
E até o Erico, em Antares, bota uma procissão de mortos a tomar a cidade com discursos relacionados à moral, à ética, ao sexo, ao escambau! Mas quem viajou mesmo foi o Glauber, no seu Riverão Sussuarana, uma galharia literária tentando falar Nordestês. O caos seguia a trilha de um outro GR, Guimarães Rosa, esse sim, o mais inventivo entre nós. Grande sertão: veredas faz a reflexão sobre o mal e o bem, o diabo e deus, a partir de um romance nunca resolvido entre Riobaldo e Diadorim (que age e veste como jagunço). Poesia é o que derrama do Grande sertão.
Ainda me organizo nas Galáxias de Haroldo de Campos, o soar das palavras nesta porosa prosa de um dos inventores da POESIA CONCRETA. E o que dizer do Catatau do Leminski, que põe o filósofo Descartes em plena Holanda Pernambucana, a reinventar o discurso dos holandeses de dono aqui.
Pulei o Macunaíma. E do Púcaro Búlgaro, já ouviu falar? De Avalovara, do experimento do Loyola Brandão? E Trapo, do Cristovão Tezza, já ouviu?
Uma vez, mandaram eu procurar a minha turma... É essa aí!

domingo, julho 29

Cartum


Cartuns da vida

Este cartum estava há muito pronto. Ele é do tempo da Rádio APS, do Bonja, e é uma das tantas do Rachid na locução. A trilha era mais ou menos assim. CLICA: http://www.youtube.com/watch?v=aOyWNJvIrAs&mode=related&search=

sexta-feira, julho 27

Cartum

Quando o amor acaba

Não se perca de mim, não se esqueça de mim, não desapareça em São João da Urtiga ou Zurique, funciona pra todos igual:
quando o amor acaba as cadeiras com os nomes gravados perdem o lugar.

pr

O novo livro

quinta-feira, julho 26

Cartum


A lápide como uma página

Sempre que chego, chego assim à antiga, pelo velho portão. Seu cantinho do repouso ficou do outro lado, no alto do morro, na entrada pelo portão velho de lá.
Deixei de ir fanaticamente a Bom Jesus, afastei há 4 anos, ainda que não descuide e apareça uma vez que outra sem ninguém saber.
Por estas frestas de sol, nestes dias de frio, a coisa aperta e é a saudade de D. Carmem que vem. Ela aparece em qualquer coisa, jarro, cristaleira, panela, é motivo para voltar lá. E penso em lhe deixar umas duas linhas...
Iberê Camargo tem um pequeno texto que é talvez das coisas mais lindas que li. É um texto cheio de vida pensando a sua ausência.
Acho que serviria em sua lápide, não sei se Maria mandou fazer. Nunca visitei Iberê depois de morto.
Mas, vejam, este texto (de um pintor!!) é uma criação que deixa muitos escritores a babar, se estes compreenderem a dimensão de seu fracasso frente a um momento de inspiração assim.
Quando eu estiver deitado na planície, indiferente às cores e às formas, tu deves te lembrar de mim. Aí, onde a planície ondula, a terra é mais fértil. Abre com a concha da tua mão uma pequenina cova e esconde nela a semente de uma árvore. Eu quero nascer nesta árvore, quero subir com os seus galhos até o beijo da luz. Depois, nos dias abrasados, tu virás procurar uma sombra, que será fresca para ti. Então no murmúrio das folhas eu te direi o que o meu pobre coração de homem não soube dizer.
Este texto, exuberante, emotivo, humano, carinhoso, se chama Depois, e foi dedicado à Maria, ainda em 1940.
Desde que li este texto nunca esqueci. E ele sempre me criou este problema de consciência que falei aí em cima. A equação do escrever.
Por outro lado, é uma demonstração incontestável que mesmo uma lápide, se feita com o coração e bom estilo, vira uma página literária. Imortal.
E eu penso duas linhas...

Na foto, Maria e Iberê Camargo, em frente à tela No Tempo e na Terra II, 1993.

quarta-feira, julho 25

Ora, direis, um tonto!

As noites são as mais limpas. 1055 metros acima do mar, eu nasci num lugar perto mesmo do céu. As noites de lá são as mais iluminadas, é possível se avistar constelações, os jatos que cruzam ao centro do país.
Por isso, nos acostumamos a olhar pro céu. Podemos estar em Nova Iorque, no sul da França, o céu que temos sempre é o céu de Bom Jesus.
O bonjesuense, por índole, é um apreciador de estrelas, é um caçador de nuvens. Um tonto, por assim dizer.
E acho que me favoreci dessa tontice dos românticos. Olhar pro céu é um exercício que ainda hoje faço: ficar perseguindo aquela nuvem, o imprevisto de uma outra em seguida, a junção de fantasma e humanos que só um céu bem trêmulo sabe fazer.
Desprotegidos de razão andamos por aí. Uns românticos. Nossas mães ainda sofrem afagando os seus rosários. Com seus longos terços, nossas mães pedem notícias dos filhos que partiram.
O céu é sempre a nossa referência.
Quando uma mãe de Bom Jesus olha para o céu, é sempre uma gravidez, é sempre um filho, filha, irmã, um neto no abandono.
E, hoje, quando acontece um avião por lá, o meu povo, que é tão puro, beija o seu santinho no peito.
Por isso, quando o céu se desenha no anoitecer, Bom Jesus anda triste.
E há esta muda consolação que tiramos da tragédia. E este medo que não havia.

terça-feira, julho 24

Pensando a feira

Estive com a coordenação do Ppel (Programa Permanente de Estímulo à Leitura), que é o segmento da Secretaria da Cultura que organiza a feira, e me apresentei como alguém que chega para ajudar. E esta disposição, quem sabe, possa concretizar, em breve, uma reunião com os colegas escritores daqui.
Nesse encontro, imagino, poderemos discutir a forma de participar da feira além dos lançamentos. Como receberemos os demais escritores que estarão aqui para o Encontro Gaúcho? Como poderemos, unidos, nos integrar com os leitores e o evento?
Com a conquista do título de Capital Brasileira da Cultura 2008, a feira funcionará como um ensaio do que ofereceremos. Por isso, unir os escritores locais, talvez mais do que reivindicar a contagem de livros vendidos (medida que sabemos será adequada) pode ser um passo para viabilizar edições que não fiquem atreladas tão-somente ao Fundoprocultura.
Outra área que pode contribuir com a feira é a universitária. Os alunos poderiam criar o seu espaço. Como? O ideal será ouvir as sugestões dos Diretórios Acadêmicos de cada entidade.
Porto Alegre tem em sua feira a força dos escritores. A Jornada de Passo Fundo congrega a universidade. Caxias pode ter o evento que une esta equação.
Trechos da crônica de amanhã no Pioneiro.

segunda-feira, julho 23

O novo livro em construção



Páginas de As luas que fisgam o peixe.

sexta-feira, julho 20

O patrono da feira

Os livreiros, editores e comissão organizadora da Feira do Livro de Caxias do Sul me deram ontem esta agradável surpresa: a minha escolha para ser o patrono do evento este ano. Recebo com alegria a indicação, pois a feira cresceu tanto em qualidade e organização, que percebo já a dimensão da tarefa.
De alguma forma, acho que é uma homenagem aos escritores de Caxias que estão construindo suas trajetórias, e com eles quero dividir a forma de ser o padrinho de nossa feira. Quero dividir com eles esta escolha inclusive em participação no evento, que prevê em sua programação o Encontro de Escritores Gaúchos.
Gostaria de expressar também, caramba!, a honra de estar ao lado de Rita Brugger, escolhida como a homenageada da feira deste ano, ela que tem um trabalho de tanta consistência nas artes plásticas e na área de ilustrações.
Obrigado. Que eu possa retribuir à altura!

quinta-feira, julho 19

Solidariedade

Registro aqui a minha solidariedade à Bibiana Amaral, nossa aluna do Jornalismo da UCS, que perdeu sua irmã Fabiana no acidente do avião da TAM em Congonhas.

Novo livro

Foi divulgada hoje a lista dos 62 projetos contemplados com o Fundoprocultura da Secretaria de Cultura de Caxias do Sul.
Na área de Literatura, entre outras obras, foi aprovado o meu As luas que fisgam o peixe. Trata-se de um livro de prosa-poética ilustrado (as ilustrações são estas minhas mesmo que posto aqui no blog).
É oportuno lembrar a importância do Fundo para os produtores de arte de Caxias. Ele ajuda a concretizar obras que valorizam a criação para além da mera satisfação do mercado.

terça-feira, julho 17

Capital sem ano marcado

Agora que Caxias conquistou o Capital da Cultura 2008 chegou o momento de refletir sobre o que se fará com as artes além dos shows e visibilidade de 12 meses. É preciso pensar de que forma o selo Capital contribui para a efetivação de uma política de cultura. De que forma o selo nos poderá dotar de instrumentos que possam dar resultados a médio e longo prazo.
Para além do Calendário de eventos anunciado, é a hora de se “amarrar” cada área da cultura a ações que permaneçam para além do ano 2008. Por exemplo, o Caxias em Cena, ligado ao teatro, precisa aproveitar a Capital para estabelecer uma Escola de Teatro permanente, com oficinas de atores que oportunize a formação de talentos.
A Capital da Cultura também facilita agora que se ponha a mão no Patrimônio Histórico da cidade e do município. Até onde sei, há a idéia da implantação do Museu da Indústria em Caxias do Sul. Em que pé está tal iniciativa?
Sei também da necessidade de expansão do Arquivo Histórico e isso se daria com a compra do terreno ao lado do prédio Carbone. Não seria o momento de concretizar tal idéia?
Outro dia, um leitor também me perguntou sobre a preservação do prédio ao lado da Igreja de Santo Sepulcro.
E a idéia de transformar o entorno do Imigrante em praça, com espaço de lazer, com acesso e estacionamento ao nosso maior monumento?
A restauração da Estação Ferroviária e seu efetivo aproveitamento, então, não poderia ter a sua hora mais oportuna com a Capital 2008.
Como se vê, para além do Calendário com seus possíveis megaeventos, Caxias tem nas mãos a possibilidade de definir ações e uma política de cultura que permaneça. Caxias e a comunidade, através de seus canais organizados, precisam pensar agora os instrumentos (comprar um terreno, fundar uma Escola das Artes) que justifiquem, quem sabe já a médio prazo, o titulo conquistado.
Não se quer Sangalos ou Chitãozinhos para o ano que vem. Esperam-se ações que tornem permanente uma política cultural. A semente de uma Capital da Cultura sem ano marcado.

Crônica de amanhã no Pioneiro.

segunda-feira, julho 16

Bonja amada

Blém! Blém! Blém! Lá vem o Seu João Maria, na subida da Laurindo, tocando a sineta. Ele vem cercado e seguido de toda a gurizada do mundo.
Frim! Frim! Frim! Os meninos apitam, sincronizados pelo comando da parteira Vó Joaninha.
De cima de um carro de boi, Frei Getúlio já contou as 2.347 badaladas da sineta do Seu João. Frei Getúlio é quem faz a estatística.
Por força dele, muitos doaram ovelhas, vacas, tijolos que, depois das rifas, totalizavam o capital para a construção da cidade.
Ginásio, Hospital e Igreja, simbolizados em cartazetes, desfilam agora conduzidos por jovens uniformizados.
Enquanto passa esse cortejo, alguém da arquibancada grita:
—Impedimento, João Maria!
Não, não, não. Esse cortejo não existe mais. É só imaginário, só saudade.
Mas era com esse cortejo que Bom Jesus comemorava suas datas. E, hoje, Bom Jesus —Bonja como nós seus filhos a chamamos carinhosamente— está completando anos.
Daí a lembrança do Seu João, que, ainda vivo, simboliza toda a sua história.
João Maria Padilha. Como não lembrar dessa figura batendo sua sineta no “Conde”? Como não lembrar do Seu João apitando impedimento de oitenta gerações de meninos? É dele o nome do Estádio da Baixada do Clube 16 de Julho —Juventude (o outro aniversariante do dia). Estádio João Maria Padilha. Que justa homenagem em vida!
(No dia dos 94 anos de Bom Jesus.)

Bonja amada II

Bom Jesus é assim, é a história de sua gente, de suas figuras. Do jornaleiro Alorindo, que nos trouxe a notícia que homens tinham caminhado na Lua. Um manchetaço da infância no Hotel de D. Ida.
Bom Jesus da D. Marieta, com suas seringas, do Dr. Simões curando a gripe.
Bom Jesus da Tijica, do Pastel e do Lambreta.
E quem não se lembra do centenário Joãozinho, um índio, índio mesmo, tomando banho de sol nas calçadas de nós-de-pinho na praça?
Esse é o Bonja, com sua gíria peculiar, da negra e forte Celina, do “aeiou” da professora Anita, do Zeca-Teca das corridas de gato do Timbum, do Nelby e do Dr. Sólon.
Bom Jesus das brigas dos clássicos San-Ju, dos embates políticos, das boates no Fátima, mostras de arte, da arquitetura italiana, alemã.
Bom Jesus com sua igreja barroca por dentro, com seu céu tão perto, com seus cachos de neve, com sua casa de cavalos na fachada ao lado de um aquário.
Bom Jesus—Noiva do Sol— do Hermeto, do Lalé, do Verenzuki, do Erci do Bar e do Doca do baile. Do negro Milito tropeando nos morros grávidos.
Assim, amamos Bom Jesus por sua gente.
Amamos por Milton Baggio, com quem aprendemos, através do teatro, a valorizar a cultura.
Por Renato Oliveira, com quem aprendemos o perfeccionismo, num país das coisas feitas às pressas.
Bom Jesus das pessoas, cidade, lugares pintados pelo pontilhismo de Agenor Conceição, que um dia haverá de ser reconhecido.
Ah, Bonja, com teus filhos ausentes!
Dizem que só em Caxias somos mais de 35 mil bonjesuenses.
E como não lembrar também dos ausentes mortos? Bom Jesus, com seu cemitério no alto da colina, onde, sem dúvida, lá iremos repousar.
E como não lembrar, ainda, dos teus “ausentes” antecipados? Também gostamos de ti, São José dos vitrolas da infância!
Definitivamente, Seu João Maria, no Dia do Bonja, a saudade não tá em impedimento!

Figuras do Bonja

Dr. Simões

Lambreta


Zoinho


Rachid

terça-feira, julho 10

Os frutos da Mostra

No início dos 80, o processo democrático se instalara, simbolizado pela volta do Brizola. Em Bom Jesus pairava sobre a nossa geração uma turma anterior, que tinha se envolvido com o teatro nos anos 60. E foi lá, a partir do Ginásio Frei Getúlio, que surgiu um movimento espontâneo e que depois tomaria a cidade. A Mostra de Artes.
Na verdade, aquela movimentação da juventude em torno das artes em todos os seus campos surgiu desta coisa “ingênua” que trazemos: acreditar na cultura como redenção do humano. Talvez seja coisa plantada pelo Milton Baggio, liderança do teatro. Mas, a idéia da Mostra foi do Júlio Liz, e teve tanta acolhida que merecerá outras crônicas. Importa agora um panorama.
A I Mostra surgiu de estudantes que iam aos finais de semana para o Bonja e se juntavam em torno das violas do Joca, do Zêpa e do Rudi, que tocavam num clima de luau a boa MPB. Ali se consolidavam amizades fora dos muros do Ginásio. Teatro, música, o poema e os jovens dando a cara foi a Mostra, que tem até Jorge Furtado perdido na neve, quando foi projetar o Deu Pra ti Anos 70.
Foi uma mescla de gente que sabia com a juventude. E entre os mais novos estava Cesinha e o Leonardo (que já declamava poesias gauchescas e Vinícius).
Do movimento, em 1982, surgiu a candidatura, pelo PDT, do Milton Zuanazzi. Fez 300 e poucos votos para a prefeitura. Mas era a semente que daria depois em Cesinha como o mais jovem prefeito do Bonja. De fato, daquelas tribos de amigos, houve um reencontro em 1992, em torno do PMDB, que venceria a primeira eleição desde 64 como oposição. Paim se elegeu com o Cesinha de vice.
E foi nessa eleição que o Leonardo se envolveu efetivamente com a política partidária, embora sempre no Juventude, seja no time principal, ou ajudando segurar a Verde Som, a boate do clube.
Cesinha se elegeria prefeito. O PDT ganhou força e teve peso para indicar o Leonardo vice do atual, José Paulo Almeida. O Leonardo Silveira, o Tio Léo, que recebeu aquela inacreditável bala na sexta, é fruto da Mostra de Artes.
(Crônica de amanhã no Pioneiro)

sexta-feira, julho 6

Nosso Bom Jesus de luto

Ladrões matam vice-prefeito de Bom Jesus em assalto a banco
Ataque feriu uma policial militar e levou pânico à pequena cidade do interior do RS

06/07/2007 13h03min - clicrbs
Ladrões matam vice-prefeito de Bom Jesus em assalto a banco
O vice-prefeito do município gaúcho de Bom Jesus, Leonardo Silveira, conhecido como Tio Léo, morreu baleado durante assalto à agência local do Banrisul por volta das 11h desta sexta-feira. O ataque levou pânico à pequena cidade da região dos Aparados da Serra.
A quadrilha usou funcionários e clientes do banco como escudo ao sair da agência. Os bandidos atiraram contra a polícia. O vice-prefeito estava nas proximidades e foi atingido.
(Tio Léo é um amigo, filho da Dona Célia e do Seu Darci Silveira, já falecido. Nosso Bom Jesus muito lamenta.)

quinta-feira, julho 5

Eu vi o Chico Xavier

Somente agora eu vi o Chico Xavier psicografando. O que é este Youtube, né?
Vi o Chico recebendo um texto depois de um Pinga Fogo na TV Tupi, isto lá em 1971.
Fiquei só sacando o velho. Já conhecia a sua letra, os seus garranchos de jornalista em entrevista coletiva apressada, e fiquei imaginando ele "recebendo" aquilo que os escritores dão graças a Deus quando acontece.
Quando baixam os textos em cataratas!
Uns instantes de inspiração, coisa pra louco entender, e que uma aluna semana passada definiu em sala de aula como “espasmos”.
Pois é, Ana Carolina, o velho Chico teve uns espasmos na frente de um imenso público, com música erudita de fundo, que é coisa de se olhar e dar melancolia.
O Chico Xavier era um cara calmo, transmitia paz, mas acho que foi mesmo espasmo aquilo que deu nele.
Era um escritor e o texto que ele estava “recebendo" chamou de O Segundo Milênio, esse que nos coube ultrapassar.
Bom texto. Sempre naquela linha de luz, paz e amor. Um jeito Chico Xavier de ser.
Eu gosto dos espíritas. A doutrina me parece séria e tal, embora aquela foto do Chico que há por aí em todas os centros e salas, que dizem, o David Nasser combinou, quando o Chico o recebera lá em Uberaba (foi em Uberaba o encontro, né?) e o Jean Manzon registrou.
É aquela foto em que o Chico aparece com a testa muito enrugada, as mãos em concha, forcejando, como se estivesse profundamente meditativo.
Conta a lenda que o local daquela foto foi na banheira da casa do Chico, e com o Chico simulando que tomava banho pra tornar sua presença mais real à velha dupla de repórteres da revista Cruzeiro que estava em visita.
Bom, mas o fato que ontem conheci o Chico em atividade. Achei estranho a calma com que ele aceitou psicografar em frente às câmeras, e com aquele monte de gente lá chorando enquanto ele escrevia (às jamegadas, às golfadas, às pressas, nervoso) o seu texto.
O Chico era um cara legal. E se o velho fosse vivo, acho, era um dos poucos que eu gostaria de um dia entrevistar. Uma entrevista bem longa, daquelas de cansar.
pr

terça-feira, julho 3

A vida da promessa

A promessa nascida é um parto. A promessa em juízo é um peso. Mas a promessa nascida te humilha, como se pede nome a um bastado!
A promessa da pauta é a notícia, anda em voltas, faz promessa entre tantas como faz o larápio.
Sacana, malandro, a promessa de fama geralmente é um engodo.
A vida não é fácil. A vida é a busca de um jeito, uma forma, promessa de um estilo torto.
É o que faz o mercado. O mercado seleciona, abandona, como em promessa do pôquer, a promessa é falência!!
A vida é a arte da falir. Falimos dias e noites, se levanta rapaz. Atenta moça bonita. A vida é promessa e a promessa do peito, saudade!
O seio promete, o seio que acolhe, a vida é promessa de um tiro no morro.
Tem efeito. Não se tem é a promessa de missa ao defunto.
Indigente de promessa, indigente de sonhos.
Construa você seus projetos e encare a promessa como a porta a casa.
A porta é a promessa da casa.
Abre-se em luz, em poucos momentos, como quem promete na valsa, tropeça, espedaça, como o som sendo a fúria.
Não prometa na dança. A cantiga, os antigos disseram, é a promessa que enrola.
Desfia, desvia e segue que a promessa do touro é pegar intestino.
pr

segunda-feira, julho 2

Caxias Capital da Cultura 2008

Caxias do Sul foi escolhida hoje a Capital Brasileira da Cultura 2008. A promoção é da ONG Capital da Cultura, do Ministério da Cultura e apoio da Unesco. Como capital, a cidade poderá divulgar o seu patrimônio cultural e a diversidade de ações que são desenvolvidas por aqui.
Parabéns ao secretário de Cultura Antônio Feldman, pela iniciativa e empenho, e à Comissão de voluntários que muito batalhou pela conquista.
A foto é de Ricardo Wolffenbüttel