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quinta-feira, setembro 28

O amor volta

O amor reclina a cabeça sobre a sua confusão
amor feio, descabelado, o amor volta
pr

Tímida

Tímida,
confessa o corpo,
e a paisagem da carne é de notável discrição
pr

quarta-feira, setembro 27

O vento

o vento é a natureza em apuros correndo ao banheiro antes de mijar

a chuva
pr

terça-feira, setembro 26

Cheese da Casa

Você quer ser inteligente
E ela inteligencia
Ela pede um Cheese da Casa
Você diz que é Cheese da Casa que mais gosta

esconder,
concordar,
não deixa saber!

é o amor que começa

pr

segunda-feira, setembro 25

Um touro por dia

Coisa estranha é fazer blog. Nunca se sabe o que é. Sempre se sabe o que não foi.
Penso que acerto, erro na mosca. Troco, excluo, faço uma cara, entro em assuntos gerais.
E chegou a 6 mil nesse arrasto, com umas almas de assalto e uns amigos sempre fiéis.
Que me fazem temer. Temer pelo texto seguinte, meu ânimo, eu nem reclamo, quem escreve deve fazer.
É um touro por dia, acerto e erro, até porcaria, a “coisa mais esquisita”, me disse Carpinejar.
Por isso, alguns vieram, outros passaram, o certo é que dei ao espaço, um traço, e muito, muito de mim.
E nada de mimo, elogio, tolerância, (se houve, foi na medida), senão já ficava metida, Vitrola sem mais amor.
Como no amor.
Para quem andou aqui, obrigado!

Neon

Cidade que piso
com estas pernas modernas
passadas em couro
no atordoar dos neons

o neon do gás
da Academia
o neon da saúde
do sexo sem amor

o neon do clube
da própria cidade
o neon do dinheiro
e o neon pra discar

o neon do medo
fechada a noite

pr

domingo, setembro 24

Gente nova na Feira

Foi muito bacana a pesquisa que desenvolvemos na UCS, disciplina de Jornalismo Comunitário, que resultou num texto coletivo contando a história da Feira do Livro de Caxias do Sul.
Os autores: Roberta Guazelli Rech, Aline Zanotto, Aline Fatori, Juliano Machado, Carina Gaviraghi e Everton Terres Cardoso.
Todos já concluíram o curso, mas a experiência se estendeu até agora.
A foto é de Edson Corrêa

O livro da feira

A obra ganhou apoio do Fundo Pró-Cultura da prefeitura de Caxias do Sul e terá lançamento dia 15 de outubro, no Espaço de Convivência da feira, às 18h. A publicação é da Editora do Maneco e a distribuição será gratuita.

sábado, setembro 23

A inutilidade da Canção de Roda

A Canção de Roda
cresce assim
quando menos consola

A canção
não fosse o rodar
servia pra nada

Canção de Roda
pra que a canção?
se emagrece a criança

pr

sexta-feira, setembro 22

Eclipse

quando escuro e suspenso
o céu na hora que apague
eu vou tocar os sinos
e vou trotar os cavalos
e terão meus olhos ternos
o eclipse de ti
pr

O improviso que deu certo

Àqueles que perderam o Improviso que deu certo, Trote Cultural da UCS, na Feira do Livro de Caxias eu e Carpinejar tentaremos repetir a dose. Será um bate-papo, coisas da hora e blogs de escritores-jornalistas. Dia 21 de outubro, às 17, no Café Cultural

quinta-feira, setembro 21

Cena furtada do real

A cena foi rápida. Eu vi o cara furtando (é este o termo que a Polícia usa) exatamente às 12h7min. Só não foi à luz do sol porque ontem estava nublado.
Demonstrei surpresa com a ação, afinal (mesmo sendo feriado) bem no Centro, ao meio-dia... e o cara me disse:
— Fica na tua, que não dá nada.
Eu disse, Ok!, Ok!
Ele, deitado na porta da loja, um dos braços enfiado entre as grades e o vidro partido, sem parar a ação me disse:
— Eu tô tirando dos ricos!
Eu, sério, disse, OK!
E fui apressando o passo sem olhar pra trás.
pr

As Bodas de Ano Nenhum

Recair, desfeito um namoro, casamento, um trato assinado, não é a pior coisa do mundo, nem é de internar.
Recair, ao que sugere, não é o cair de novo.
Recair é voltar à casa, aos filhos, estão bem? falta algo? como vão as reformas, vai longe aquele carnê.
Recair é preocupar-se, é estender as mãos. É interesse, carinho, afeto, recair é uma forma mais forte de se orgulhar.
É dar o braço a torcer. Não é pedir arreglo, penico, copo d’água, reclamar amor.
Recair é muitas vezes estar alegre, recair é dançar.
Pleno e vivaço, o casal que recai no rock vive a sua Bodas de Ano Nenhum.
Recai a criança à chupeta. Recai o avô ao baralho. Inconstância velha de guerra, Volver a los 17, recaímos em alergias, em doenças, como morrem arrependidos por não recair!
Fraquejar já não é pecado. Por isso os confessionários extintos.
pr

Cozinha e Babilônia

O pré-lançamento de Cozinha Gorda à imprensa, marcado para esta segunda, ficou para o dia 28 de setembro, quinta-feira, na Livraria do Maneco, às 10h. No mesmo dia, José Clemente Pozenato apresenta sua nova obra, A Babilônia, também pelo Maneco.
É a Feira do Livro começando.

quarta-feira, setembro 20

Milk-shake

Eu não frito um ovo. Frito, vá lá, faço arroz com galinha e preciso explicar. Minha mãe trabalhava em hotel, lavadeira de pratos, e sempre acabei comendo por lá. Eu fui criado com comida de hotel.
Uma vez, artes lá de pirralho, sugeriram que não mais aparecesse.
Minha mãe não deixou o emprego. Mas ficou solidária.
E como não podia mais “pisar” no hotel, sempre pouquinho antes, pouco depois, eu ouvia seus passos chegando em casa ao meio-dia. Andava três quadras, ela com uma panelinha.
Eu só fazia bicos, graxa e entrega de jornal. À noite, panelinha, cansada, a Carmem lá. Arrumando panelinha e o pano antes de dormir.
Era esta a imagem: a panela num pano-de-prato com a comida remexida pelos passos apressados.
Eu acho que minha mãe agia bem.
Anos depois, eu introduzia a sonda para a sua alimentação após um AVC.
No Hospital, lembro quando decidiram a alimentação pelo nariz. Tinha um mingau do Governo do Estado, e eu muito caminhei até convencer umas garotas do Postinho de Saúde que era urgência. PORQUE ESTAVA EM FALTA.
Enfim, me deram o tal milk-shake que eu complementaria com sal.
Eu lavava os frasquinhos e tudo ali medido eu ia então para a enfermaria que o quarto virou. Até hoje tem coisa aqui... frascos, filtro, saco!!
Mas o que sobrou mesmo foi a disciplina do Milk: manhã, tarde, às 20h. Às duas da manhã.
Insuportável aroma de milk. E por isso eu preferia a dieta do sal que era assim:
1 ovo inteiro cozido
1 batata média
3 colheres de feijão cozido
4 colheres de sopa de legumes cozidos
500 ml de carne

Com estes ingredientes começo Cozinha Gorda. O livro é dela.

segunda-feira, setembro 18

Carta à Stela

Cara Stela:
Em teu nome, Stela, ou melhor, em nome de algumas coisas que sobraram, talvez miúdas, talvez muito significativas, mas coisas nossas ainda, preciso dizer.
As direi, talvez a mim, dispensadas a ti.
Sim, porque já não interessa o que fiz o que faço, como estou, aonde vou.
É tácito, eu percebo: a gentileza com que ainda me atendes é fruto de tua educação. Atender meus reclamos, minhas chatices, é uma forma de ser gentil e polida e logo se livrar.
Não, esta carta não será um porre. Ela será bem bacana, sincera e só.
Já não vou às esquinas, Stela. Já não tenho saco para a espia que humilha.
Espiar, espiar, quantas vezes fiz isso?!
Já não faço. A cidade ficou grande. Já não fico pirado ao onde andas e com quem.
Fico furioso é quando recaio como ontem aconteceu.
E fico feliz em me ver ainda bom coração, logo recuando das coisas graves que mais uma vez desferi.
Fera ferida. Fera ferida de amor, mas amor que começa a esmaecer. É tão triste constatar isso: começa a esmaecer, Stela.
Teu Pedro (amigo à primeira vista e de um imenso amor que nunca senti por um não parente meu), teu Pedro seria “o meu filho”.
Repito: Pedro seria o meu filho!!!
Não o será. Lamento.
E o casamento previsto nas cartas?
Erro. As cartas se embaralharam, infelizmente.
Mas onde quero chegar, sem ser dramático — será que estou?
Onde quero chegar, Stela, é apenas dizer:
Não seremos amigos, nunca seremos. Fomos o amado um do outro. Não se retrocede à amizade, que é princípio do amor.
Fomos amados e é isso que vai ficar.
Respeitarei o que nos prometemos, Stela. De nada me arrependo, mas a minha saúde implora que eu agora cesse...
Ok, eu sempre exagero (és gentil!, és disposta!), é apenas uma mulher.
E tá difícil, está sendo do cachorro e ontem eu recaí...
... sou humano. Sou um super HUMANO e recaí.
Recaí por solidão! Solidão que às vezes me pega a mão e faz escrever coisas assim.
Receba agora.

pr

domingo, setembro 17

A dança trêmula

A moça que a fuga improvisa
é do amor que escapou
a dança é verde
a perna mole
vá saber seu coração?!
pr

Como se põe bebê no berço?

Eu faço que durmo e reviro
que não te conheço,
tu sondas no ar

Quem sou, quem és
quanta curiosidade entre nós!

E eu invento caras de nada
o não tem
e a bochecha estourada a brincar de amor

Não me estranhe
dá risada, pequeno!

Será que te ponho no berço pegando assim?

Da minha série Pai sem filho

sábado, setembro 16

A Cozinha vai às ruas

Lançamento em Bom Jesus. Dia 29 de setembro, às 20 h, encontro com alunos e convidados no Salão de Atos do Colégio Frei Getúlio.
Feira do Livro de Caxias do Sul. Sessão de autógrafos, 13 de outubro, 18 h, Espaço de Convivência.
Feira do Livro de Porto Alegre. Sessão de autógrafos, 28 de outubro, 17h30, Pavilhão.

sexta-feira, setembro 15

Bonita como uma ponte

Uma vez, faz alguns anos, eu li esta frase: as pontes são bonitas.
E eu sempre fiquei com isso até que ontem a reencontrei:
Bonita como uma ponte.
Eu a modificara, o tempo a fizera por mim.
Mas, o que é ser mesmo bonita como uma ponte? Porque, se pensar, uma ponte no entardecer vale mesmo.
Uma ponte feita de solidão há em Bom Jesus... e é bonita É a mais bonita.
A minha ex-namorada também era bonita.
O último aceno de minha mãe no pós-cirúrgico foi como uma ponte.
As pontes de pau e pedra, como se vê, são bonitas. Há pontes para o coração.
A Ponte Verrazano em Nova Iorque é grandiosamente bela. A Hercílio Luz de Floripa é um cartão de amor.
Procure notar as pontes. Não as suas vigas, seus arcos, a base e o bloco puro concreto.
Fique na paisagem geral: um aceno de mãe, uma ex-namorada, o gostar de uma frase por muitos anos até ela se resolver como os rios.
Bonita como uma ponte!

pr

quinta-feira, setembro 14

O feijão e o azul

O poeta burla
é um cínico, confessa
poeta põe asas no azul

O poeta é um risco
ele atenta
o poeta gosta de maliciar

aos miseráveis, processa
o poeta não presta
vive de vento
busca o nada
espuma no mar

O poeta de tão abstrato é um babaca
O poeta
de tanto que se embaraça
o poeta empina o nariz

é um trompetista de silêncios

ser poeta é ser turfista
poesia é apostar

cochila de saudade ali um poeta
e o poeta marca o seu gol

quando levanta
se lava, ama
sofre, morde
quando, poeta, come feijão

diariamente, comum!

pr

quarta-feira, setembro 13

Pêndulo

O peixe em sua ginástica
à direita e à esquerda afoga os remos
o cais é como um pêndulo
pr

terça-feira, setembro 12

Amor sem reservas

O amor do seu amor
que é das coisas mais bonitas
tem um certo medinho
quando previne e se atreve

quando marca validade
quando lembra apartamento

o amor do seu amor
de quando em quando...
falta!
pr

Resolução do Chico

O Chico,
sem mais outro nome,
o Chico pegou a espingarda
correram, acudiram,
o colchão pegou fogo

O Chico,
sem mais outro nome,
o Chico largou a espingarda
e o Chico disse:
era uma pulga .
Matei com um tiro!

(Esta é real e é lá do Bonja)

Cor do Vento

Por descuido acabei deixando fora o blog do meu amigo Ira, o seu Cor do Vento, que também tem link para o nosso aqui.
www.cordovento.blogspot.com/
Ira é o homem da Literatura de Cordel, e desenvolveu uma bela monografia aqui na UCS antes de se bandear pra Belo Horizonte.
Abraço, amigo

segunda-feira, setembro 11

Tânia

Perdemos hoje a professora Tânia Franco Carvalhal. Tive o privilégio de ser seu aluno no mestrado da UFRGS. Mulher elegante, viajava tanto, suas leituras em Literatura Comparada nos deixavam sempre em dia. E dava horas à poesia de Guilhermino Cesar, que a gente acostumara a ter apenas como um "teórico".
Sobretudo, Tânia era generosa.
Foi a minha orientadora da dissertação de final do curso, num tema que valorizava "os sem voz" na Literatura Brasileira e onde incluí a ficção de Vitrola.
Ela topou a parada, e isso, na UFRGS, era prova de coragem!
Tânia estimulava os seus alunos.
Obrigado, Mestra!

Teia

Quero agradecer aos amigos que criaram atalhos em seus blogs e também são culpados pelo aumento de irradiação desta Vitrola.
Visitem que eles são legais:
www. escrevescreve.blogger.com.br da Cecília Gianetti
www.eraodito.blogspot.com/ do Marcelino Freire
luc13be.blog.uol.com.br o eclipse mental da Luc
habitosperigosos.blogspot.com da Paulinha Sperb
E ainda a referência do Fabrício em
Tá valendo!

sábado, setembro 9

Visita

Vai ser o gesto simples:
a flor úmida,
as mãos unidas,
o reencontro que espalma na gasta cal

A reza esquecida sairá espedaçada
das novidades saberá só o melhor

Mas logo perceberá que é pose,
o cigarro, a falta do carro,
que ainda não é avó dos meus

descansa, descansa, querida!

ouviu?

pr

Sombra

Sombra que anda, pára, se agacha, a sombra é um malabarismo, a sombra de quem vem grávida engravida o chão.
A sombra é limpa, seca, molhada, a sombra navega o pentelho que se urinou.
A sombra acompanha, teima e reclama, a sombra que a forca inverte vira um balão.
Sombra menina, sombra perneta, a sombra anda na água pra não se afogar.
A sombra que pensamos soleira é a luz bem parada.
O pólen é a sombra da flor que saiu pra voar.
Sombra doce, sombra salgada, já viram nos contos de fadas a sombra falar?
Sombra postiça, sombra branca, sombra de tília e galinha, sombra que não é.
O corvo é a sombra, ele mesmo. Voa sombra peluda, careca, a sombra que aumenta e deforma é a sombra das mãos.
É cavalo, girafa, é um sapo, a sombra é a gente depois.
A sombra é um desenho provisório.
A sombra em que eu me olho é a vida se vendo.
pr

sexta-feira, setembro 8

O banho

em cada dorso, pernas, quadril desse banho
desce um rio por ela

— um rio —
lágrima sem rosto
pr

quinta-feira, setembro 7

Pára de falar agora

Uma noite, meu caro, você e sua garota estarão no bar e ela vai se virar e dizer:
PÁRA DE FALAR AGORA!
Será como um sopro quente o que ela estará dizendo e será quente como a música e será quente como ambiente e será bom pra você saber que a vida de um bar é bem legal por aí!!
É. Eu estou contando de uma garota que mandará você parar de falar e você deverá saber que num bar decente é bem razoável ouvir isso de sua garota e porque você também saberá que a noite deve continuar.
Será jogo duro, meu garoto. Aquele PÁRA DE FALAR AGORA continuará e se arrastará com
a fumaça e aquele ar morno que só sabe ter um bom bar. E você dirá, tudo bem!
Sim, um Bar, meu caro, é onde a sua garota poderá dizer PÁRA DE FALAR AGORA!
E você deve.
Ela terá o seu bom motivo e você ficará em silêncio e poderá compreender que isso não é incomum e que você ainda tem um grande amor por esta garota e que isto voltará ainda um pouco e com todo o efeito na hora de dormir.
PÁRA DE FALAR AGORA. Será você com seu travesseiro e vai ficar tudo bem porque a música era mesmo decente e a sua garota não tinha outra coisa a fazer.
PÁRA DE FALAR AGORA!
Vai por mim, garoto, ela dirá. E você compreenderá que elas estão sempre com a razão.
pr

quarta-feira, setembro 6

Um sonho a mais não faz mal

Eu sempre seria engraçado
Tivesse pintado o meu rosto
Tivesse tratado as formigas
Tivesse curtido o mar

Um bom namorado eu seria
Tivesse juntado gravetos
Tivesse ponderado na intriga
Tivesse amado sem cobrar

Eu sempre seria elegante
Tivesse comprado gravatas
Tivesse contido a bravata
Tivesse somado o perdão

eu seria
tu serias
homens e mulheres seriam
leais e íntegros

tivessem sonhado

pr

terça-feira, setembro 5

Velha postura de guerra

Postura moderna
postura mais besta
postura que faz da pele
a pele da outra pele
a pele da Avon


a postura do trânsito
a postura do tempo
postura mais triste
ao chorar filho seu


o código de posturas
a impostura da Câmara
a postura dos ombros
o exemplo na Cruz

a postura das pernas
a postura no tango
postura formiga ou cigarra
a postura de todo o vaidoso antes de morrer

a postura que abriga
a postura do abraço
velha postura de guerra
revista e cheirada ao pé do avião
pr

segunda-feira, setembro 4

Poesia pra quê?

Hoje nevou aqui
uma casa incendiou na janela

a poesia esteve de folga
pr

Quando cai a neve no Brasil

O frio rega
seca
neva
faz a festa
o frio dá votos e gritos de opinião

o frio na mesa
a bebida no balcão

o alimento do frio é o vento
o frio que alimenta o hospital

o frio sem ternura
o frio dos Aparados
o frio perderá o seu sorriso ao descambar logo ali:
Turvo, Ermo e Sombrio
pr

domingo, setembro 3

Não ter filhos

Não ter filhos é não ter pra quem deixar as flâmulas.
Não ter filhos é como uma pazinha de praia não existir. E não ensinar jogar snooker, não ter filhos é jamais poder dizer, venha cá, guri!
Não é completo o ser humano sem ter filhos. É papo furado quem diz não querer.
Eu teria filhos até com as minhas primas; não ter filhos e não poder dar um abraço na hora de chegar...
Não tenho filhos e por eles eu fritava ovo, que não frito. Não ter filhos é não dizer, Pedro, Melissa, com sotaque de amor.
Não ter filhos, quem nunca os teve pode imaginar!
Não ter filhos, não ser pai, arranha a vaidade, mas o pior é a saudade que não se tem de quem ter!!!
Não ter filhos é amor represado e, se o seu pai “não teve” o filho que teve, isso aumenta ainda mais.
Pai sem filho morrerá preocupado com o quê?
Não ter filhos é como não ter colo, é como não ter joelhos pro cavalinho cataplá!
Um pai sem filho é ainda mais sabê-los, Seu Vinicius de Moraes.
pr

sábado, setembro 2

A ofensa da criação

A ofensa está nas ruas, a ofensa de quem ama, a ofensa é a mais humana forma de Deus.
A ofensa fala e engole. Ofendeu, ofendido está.
A ofensa é a falsa humildade. A ofensa impera geral.
A Casa das Ofensas que é a tv. A ofensa bem urinada faz bem pros rins!
A ofensa vira mania. A ofensa vira bebida. A ofensa vira um baralho, é muita ofensa por nada que meu voto é um só.
Justiça por ofensa vira boa ação. A ofensa na cor se atualiza nas lojas, cadê seu Cartão???
A ofensa da paciência. Um Seu Gilião Ofensa que eu conheci.
A ofensa que brinca no riso do cabelo aos pés. Ofensa de alegria, ironia, quem é que vai saber!?
O prazer da ofensa é o pior.
A ofensa entre quem ofende e se dá por ofendido. A ofensa é uma retribuição.
A ofensa da amizade é o conselho. Há ofensa pro cachorro, nunca vi ofender leão.
A ofensa das franjas nos antigos cabelos. A ofensa, quando bem viva, é a ofensa do olhar.
A ofensa é o mais humano de Deus por aí.
E Deus, será que ofendido, assim nos fez?

pr

sexta-feira, setembro 1

O mapa de Bom Jesus

minha terra sobrevoada não pára no chão

noivou com o Sol
pr